terça-feira, 17 de janeiro de 2012

PLANEJAMENTO COLABORATIVO: PROFESSORES E ALUNOS

 
*Dra. Vanda Minini
Todo início de ano estabelecemos metas pessoais para executá-las durante o ano inteiro. Algumas vezes, impossíveis de serem alcançadas, outras, ao contrário, fáceis de serem realizadas. Na Educação não é diferente. Todo início de ano letivo planejamos as metas educacionais a serem atingidas pelos alunos, na etapa que estão inseridos, seja na Educação Infantil, Ensino Fundamental, Médio ou Superior. Todos os professores elaboram os objetivos gerais e específicos, os conteúdos, a metodologia, os recursos e a avaliação para o ano letivo, o semestre, o bimestre e a aula propriamente dita. Fico questionando se os planejamentos não estão fora da realidade da escola e dos próprios alunos. Muitas vezes vejo alguns planos de aula que são inatingíveis, pela própria condição socioeconômica, na qual a escola está inserida. Questiono: Por que isso acontece? Será que não viram que tal atividade seria impossível de ser realizada? Então, para que fazer planejamento, só para mostrar para alguém, por descaso, por falta de experiência, por falta de consciência, despreparo na formação, enfim, são vários os pensamentos que rondam minha indignação.

Vou-lhes narrar um acontecimento, sem nomes é claro, por questões éticas, para reflexão. Uma vez vi uma professora desenvolvendo o conteúdo sobre o meio ambiente. Na sala haviam cartazes feitos com papel pardo, com recortes de revistas e muitas árvores, flores e animais, com os dizeres: “Preserve o meio ambiente, ele é o nosso lar”, outro dizia: “O meio ambiente é composto de plantas e animais, temos que cuidar para que eles não morram”. Percebia-se que a atividade foi realizada pelo grupo. Vamos refletir... Ao realizar esta atividade, os alunos usaram papel, cola etc. Ao fazer a atividade, eles já estavam sendo contraditórios e não preservando a natureza, uma vez que o papel é feito de árvores, muitas vezes, florestas não renováveis. Esta mesma sala estava com as carteiras rabiscadas, sujas, paredes descascadas, sem pintura, luminárias quebradas e com vários papéis e cascas de lápis espalhados pelos chão. Fica aqui a minha inquietação, não seria melhor trabalhar com os alunos, o meio ambiente a partir da própria sala de aula e que passam boa parte do tempo do seu dia? Porque na minha concepção, se eu preservo o ambiente em que vivo, é claro que esta conscientização se espalhará por todos os lugares que convivo.

O planejamento na educação tem de ser pensado de maneira profunda e não superficialmente. Se refletirmos sobre o plano desta professora, perceberemos que ela não tem consciência do que faz, muitas vezes repete algo que foi realizado com ela em sua formação, e simplesmente ela reproduz. Para ela, o conteúdo ministrado, aos seus alunos, sobre meio ambiente foi trabalhado de maneira eficaz e eficiente. Não devemos culpá-la, simplesmente entender o processo e não fazer igual.

Outra inquietação, um planejamento bem elaborado, refletido e com consciência vai acontecendo ao longo do processo de ensino e aprendizagem. Acredito ser muito incoerente e sem propósito, termos um plano de ensino para todo o ano prontinho, somente esperando ser executado. Não que isto esteja errado, pois algumas instituições adotam este procedimento, e por trás desta atitude existe uma concepção de ensino que a instituição adota. Porém, um processo de ensino e aprendizagem democrático requer que os alunos também participem, sobre quais procedimentos irão adotar, para alcançar os objetivos propostos. Para desenvolvermos pessoas críticas, estas necessitam se expressar, argumentando com lógica o que estão dizendo, quer seja oralmente ou por escrito. Mas se eu executar um plano já pronto, sem que os alunos possam opinar sobre o que pensam, como posso desenvolver a consciência crítica? Um planejamento democrático, no qual professores e alunos decidam juntos quais procedimentos irão utilizar, para alcançarem os objetivos educacionais propostos por um currículo nacional, é muito mais significativo para o grupo. Não é que os professores não vão propor nada e os alunos decidirão tudo sozinhos. Não é isto! Não entendam erroneamente, pois os envolvidos devem trabalhar JUNTOS, dando contribuições.

Isto parece utópico, mas não o é. Quando os alunos tomam decisões desde pequenos, estão desenvolvendo a responsabilidade e, pode ter certeza, participarão mais das aulas, porque sentem suas ideias valorizadas, porque as ações são escutadas. Que possuem vez e voz desde pequenos, e que, o que estudam tem sentido na vida e isso colabora para que jamais esqueçam o conteúdo, pois a experiência foi significativa, adquirindo conhecimento de fato. Muitos planejamentos parecem mais como uma brincadeira de faz de conta que usamos na educação infantil. O professor faz de conta que planejou e o aluno faz de conta que aprendeu. É preciso refletir sobre isto, pois se quisermos uma sociedade forte economica e socialmente, teremos de parar de brincar de faz de conta com a educação no Brasil, seja na Educação Básica, no Ensino Médio ou no Ensino Superior.    

* Drª. Vanda Minini
Educação: Psicologia da Educação pela PUC-SP
Consultora em Educação

A PARTIR DE JANEIRO DE 2012 O GRUPO DE
ARTISTAS/PREFESSORES/PESQUISADORES
ENSINO DE ARTES VISUAIS QUE ESCREVE O BLOG
"ARTISTAS DE MINAS EM SALA DE AULA EM
AULAS DE ARTES VISUAIS"
SE DESDOBRARÁ EM GRUPOS:
- BELO HORIZONTE E ENTORNO
- DIAMANTINA E ENTORNO
- UBERLÂNDIA E ENTORNO
- SÃO JOÃO DEL-REI E ENTORNO
 

ACHADOS E PERDIDOS ENCANTA PELA QUALIDADE GRÁFICA E CANÇÕES QUE COMPLEMENTAM UMA ARTE IMPECÁVEL



Quem marcou presença no Festival Internacional de Quadrinhos deste ano, realizado em novembro, com certeza teve dificuldades diante do estande do grupo Pandemônio, que reúne artistas de Belo Horizonte. Lotado e quente, o cubículo estava tomado de pessoas que queriam, mais do que conhecer novos desenhistas, buscar um exemplar da graphic novel Achados e perdidos. Exaustos e felizes, os três autores da HQ se esmeravam em autografar as cópias dos futuros leitores, que bancaram, via crowdfunding, um financiamento colaborativo pela internet, a obra independente que conta a história de um menino que acorda um dia com um buraco negro na barriga.

A iniciativa de publicar só com a ajuda das pessoas já rendia elogios para os autores sem que ninguém ainda tivesse lido de fato a história. Mas depois que sites especializados em quadrinhos, críticos como Sidney Gusman e editoras como a Cia. das Letras destacaram a impressão notável, a trama envolvente e a qualidade geral de Achados e perdidos, não é exagero dizer que se trata de um marco nos quadrinhos independentes brasileiros. As 212 páginas da publicação trazem uma história madura, de traços contemporâneos firmes e cheios de personalidade. E de quebra, ainda é acompanhado de um CD para criar uma trilha sonora para os quadrinhos.

A repercussão tem impressionado os autores. “A gente não esperava tanto”, confessa Eduardo Damasceno, um dos desenhistas e redatores da história. “A gente confiava no nosso livro e por isso esperava que as pessoas fossem gostar, mas elas estão gostando muito mais do que se imaginou”, acrescenta Luís Felipe Garrocho, que também criou e desenhou a graphic novel. Completa o trio de autores o cantor Bruno Ito, que ficou responsável pelo disco que acompanha o livro.

Parcerias Antes mesmo de existir, Achados e perdidos já causava uma expectativa graças ao trabalho que a dupla de desenhistas faz no site Quadrinhos Rasos (
www.quadrinhosrasos.com). Lá, eles aproveitam letras de músicas como ponto de partida para contar histórias. “Começamos esse projeto na internet simplesmente porque queríamos fazer quadrinhos. Não imaginávamos que alguém ia ler”, explica Luís Felipe. Ao contrário da expectativa, a ideia atraiu vários leitores. Quando descobriram que iriam precisar de R$ 25 mil para a publicação, os autores não tiveram dúvidas e pediram ajuda via crowdfunding, um financiamento colaborativo pela internet.

“Foi uma aposta nossa esse valor alto, e acho que se não funcionasse ia pegar mal para a tentativa de fazer quadrinhos nesse sistema colaborativo”, revela Luís Felipe. Mas a aposta deu mais do que certo: cerca de 570 pessoas apoiaram e a meta inicial foi superada, com mais de R$ 30 mil levantados. “A cada R$ 100 que entravam, o coração voltava a bater um pouco”, brinca Eduardo Damasceno. O dinheiro extra garantiu não só a publicação do livro, mas também de todos os brindes que o acompanhavam, como adesivos, bottons e camisetas.

Para ninguém se iludir com falsas expectativas, os autores se preocuparam em mostrar exatamente como era o trabalho. “Colocamos o primeiro capítulo na internet justamente para quem nos apoiava ver o que estávamos fazendo e saberem bem o que estavam pagando”, explica Luís Felipe, revelando que desde o início a busca pela qualidade foi uma obsessão dos autores. “A gente queria fazer o livro mais bonito do mundo, um negócio meio megalomaníaco mesmo. Fazer uma coisa difícil mesmo, e ainda pôr um CD junto, para complicar ainda mais.”

Tanto trabalho, segundo eles, valeu a pena. Principalmente agora que o livro está chegando à casa das pessoas que ajudaram financeiramente a obra, do Piauí ao Acre e Roraima, e até de outros países, como Portugal, Estados Unidos e Inglaterra. “Teve uma menina que disse se sentiu orgulhosa do resultado. Respondi que ela realmente foi fundamental”, conta Damasceno. “É muito bom ver as pessoas gostando de ter nas mãos uma coisa que elas de fato ajudaram a fazer. É um elogio que é bom de receber também”, completa Luís Felipe.

Independência
Achados e perdidos talvez seja o melhor exemplo de quadrinhos independentes, mas com certeza não é o único. Com outros parceiros, Eduardo Damasceno e Luís Felipe criaram o grupo Pandemônio, que publicou também trabalhos de Ricardo Tokumoto, Lu Caffagi e Daniel Pinheiro Lima. Para eles, o crescimento da cena no Brasil deve muito ao apoio desta edição do FIQ. “Foi muito grande, e ao mesmo tempo muito organizado”, elogia Eduardo Damasceno. “No nosso caso, foi uma prova de confiança e pressão ao mesmo tempo”, conta.

Damasceno exalta também a oportunidade de apresentar seu trabalho para um público de 148 mil pessoas, número que faz do FIQ o maior evento dedicado aos quadrinhos da América, superando inclusive a tradicional San Diego Comic Con, que acontece desde 1970, nos Estados Unidos. Apesar disso, os autores evitam levantar bandeiras. “Teve gente que falou que nós provamos que não precisa de editora, e não é isso. Se provamos alguma coisa foi que existem alternativas que possibilitam a publicação. Não somos contra editoras, sabemos que as pessoas que trabalham nelas amam quadrinhos como todos nós”, argumenta Luís Felipe.

A dupla não descarta trabalhar com uma grande editora no futuro. “Até por ser formado em produção editorial, estaria mentido se falasse que não pensamos em um contato com uma editora grande. Mas não é fundamental, porque já fazemos as coisas que gostamos de fazer do nosso jeito”, pondera Eduardo Damasceno. “Uma hora isso vai dar algum retorno financeiro”, aposta.

Junto e misturado

Um dos diferenciais de Achados e perdidos é o CD que acompanha o livro. A ideia surgiu da vontade da dupla de subverter o que fazem na internet: ao invés de quadrinhos inspirados por músicas, queriam experimentar música inspirada por quadrinhos. “Não pensei muito como ia funcionar, mas adorei a ideia e topei na hora”, recorda o compositor Bruno Ito, que nem sequer lia quadrinhos. Apesar de morar em Roraima desde 2010, ele garante que a distância não foi impedimento. “Tínhamos uma pasta compartilhada e todo dia ia trocando as novidades com eles. Se eu estivesse em BH talvez não funcionasse tão bem”, avalia o músico.

No começo da parceria, a dupla deixou Ito criar à vontade. Mas com o avanço da obra, passou a interferir cada vez mais na criação do músico. “O Bruno pedia que a gente desse pitaco nas músicas, isso fazia ele se sentir parte do livro. No final a gente estava falando sem parar, nossa diversão era dar uma bagunça para ele criar uma música em cima, e ele sempre conseguia”, detalha Luís Felipe. “A coisa fluiu bem e era tão funcional que parecia que ele estava aqui do lado”, garante Eduardo Damasceno.

“A música mudou totalmente a percepção da história e eu não achei que isso fosse possível”, admite Bruno Ito. O resultado foi que o nome dele acabou aparecendo como um dos autores de Achados e perdidos. “São duas artes distintas que funcionam bem separadamente e que, juntas, são uma experiência completa”, avalia. “Quando a gente vê que funcionou junto, se pergunta quais outras artes dariam certo unidas. É muito mais interessante a gente parar de segregar e passar a misturar”, finaliza.

Fonte consultada:

Mais um exemplo de 'interdisciplinaridade' para nossas aulas de Artes Vsuais, incluindo Música: pura Arte...

NANI USA HUMOR PARA CONQUISTAR A GAROTADA

Conhecido como cartunista, o mineiro Nani – que também escreveu textos para os programas humorísticos de TV Chico Anysio, Casseta e planeta urgente, Sai de baixo e atualmente integra a equipe de Zorra total – não se limita a fazer graça para os adultos. Aos 60 anos, ele tem um xodó: lançar livros para as crianças.

O mais recente é A moedinha que queria comprar a felicidade (Editora Melhoramentos), uma espécie de guia introdutório infantil  no mundo das finanças. Nani conta a história do garoto às voltas com o dinheiro e seu poder de vender, de dar lucro, de impor prejuízo e, sobretudo, de dividir o planeta entre ricos e pobres.

“As pessoas me conhecem como cartunista, mas também sou escritor”, avisa Nani, que já lançou para a criançada, entre outros títulos, A menina que acordava as palavras (Melhoramentos), Abecedário hilário (Abacatte Editorial) e Gabriel da Conceição Bicicleta (Abacatte).

Nani fisga o pequeno leitor usando o que sabe fazer melhor: humor. Em A menina que acordava as palavras, deixa a criançada intrigada com vocábulos esquisitos como iníquo, desdém, plúmbeo e meditabundo.



Em A moedinha..., ele inventou uma corrida de cachorros, em pleno jóquei, para falar de apostas e prêmios. Ao abordar o tema investimento, deixou o economês de lado e criou história divertida para explicar a origem do lucrativo cachorro-quente. Enquanto os casos se sucedem, a protagonista – a tal moedinha do título – se mete em várias confusões, passando pelos bolsos de um rei, de um malandro, de um apostador e, claro, de um ladrão.



Fonte consultada:

Para a proposta Artistas de Minas em Sala de Aula sugerimos também a 'interdisciplinaridade' como pode acontecer com a utilização dessas obras: Artes Visuais (desenho, charge, artes gráficas) com Língua Portuguesa, Matemática...