terça-feira, 17 de janeiro de 2012

PLANEJAMENTO COLABORATIVO: PROFESSORES E ALUNOS

 
*Dra. Vanda Minini
Todo início de ano estabelecemos metas pessoais para executá-las durante o ano inteiro. Algumas vezes, impossíveis de serem alcançadas, outras, ao contrário, fáceis de serem realizadas. Na Educação não é diferente. Todo início de ano letivo planejamos as metas educacionais a serem atingidas pelos alunos, na etapa que estão inseridos, seja na Educação Infantil, Ensino Fundamental, Médio ou Superior. Todos os professores elaboram os objetivos gerais e específicos, os conteúdos, a metodologia, os recursos e a avaliação para o ano letivo, o semestre, o bimestre e a aula propriamente dita. Fico questionando se os planejamentos não estão fora da realidade da escola e dos próprios alunos. Muitas vezes vejo alguns planos de aula que são inatingíveis, pela própria condição socioeconômica, na qual a escola está inserida. Questiono: Por que isso acontece? Será que não viram que tal atividade seria impossível de ser realizada? Então, para que fazer planejamento, só para mostrar para alguém, por descaso, por falta de experiência, por falta de consciência, despreparo na formação, enfim, são vários os pensamentos que rondam minha indignação.

Vou-lhes narrar um acontecimento, sem nomes é claro, por questões éticas, para reflexão. Uma vez vi uma professora desenvolvendo o conteúdo sobre o meio ambiente. Na sala haviam cartazes feitos com papel pardo, com recortes de revistas e muitas árvores, flores e animais, com os dizeres: “Preserve o meio ambiente, ele é o nosso lar”, outro dizia: “O meio ambiente é composto de plantas e animais, temos que cuidar para que eles não morram”. Percebia-se que a atividade foi realizada pelo grupo. Vamos refletir... Ao realizar esta atividade, os alunos usaram papel, cola etc. Ao fazer a atividade, eles já estavam sendo contraditórios e não preservando a natureza, uma vez que o papel é feito de árvores, muitas vezes, florestas não renováveis. Esta mesma sala estava com as carteiras rabiscadas, sujas, paredes descascadas, sem pintura, luminárias quebradas e com vários papéis e cascas de lápis espalhados pelos chão. Fica aqui a minha inquietação, não seria melhor trabalhar com os alunos, o meio ambiente a partir da própria sala de aula e que passam boa parte do tempo do seu dia? Porque na minha concepção, se eu preservo o ambiente em que vivo, é claro que esta conscientização se espalhará por todos os lugares que convivo.

O planejamento na educação tem de ser pensado de maneira profunda e não superficialmente. Se refletirmos sobre o plano desta professora, perceberemos que ela não tem consciência do que faz, muitas vezes repete algo que foi realizado com ela em sua formação, e simplesmente ela reproduz. Para ela, o conteúdo ministrado, aos seus alunos, sobre meio ambiente foi trabalhado de maneira eficaz e eficiente. Não devemos culpá-la, simplesmente entender o processo e não fazer igual.

Outra inquietação, um planejamento bem elaborado, refletido e com consciência vai acontecendo ao longo do processo de ensino e aprendizagem. Acredito ser muito incoerente e sem propósito, termos um plano de ensino para todo o ano prontinho, somente esperando ser executado. Não que isto esteja errado, pois algumas instituições adotam este procedimento, e por trás desta atitude existe uma concepção de ensino que a instituição adota. Porém, um processo de ensino e aprendizagem democrático requer que os alunos também participem, sobre quais procedimentos irão adotar, para alcançar os objetivos propostos. Para desenvolvermos pessoas críticas, estas necessitam se expressar, argumentando com lógica o que estão dizendo, quer seja oralmente ou por escrito. Mas se eu executar um plano já pronto, sem que os alunos possam opinar sobre o que pensam, como posso desenvolver a consciência crítica? Um planejamento democrático, no qual professores e alunos decidam juntos quais procedimentos irão utilizar, para alcançarem os objetivos educacionais propostos por um currículo nacional, é muito mais significativo para o grupo. Não é que os professores não vão propor nada e os alunos decidirão tudo sozinhos. Não é isto! Não entendam erroneamente, pois os envolvidos devem trabalhar JUNTOS, dando contribuições.

Isto parece utópico, mas não o é. Quando os alunos tomam decisões desde pequenos, estão desenvolvendo a responsabilidade e, pode ter certeza, participarão mais das aulas, porque sentem suas ideias valorizadas, porque as ações são escutadas. Que possuem vez e voz desde pequenos, e que, o que estudam tem sentido na vida e isso colabora para que jamais esqueçam o conteúdo, pois a experiência foi significativa, adquirindo conhecimento de fato. Muitos planejamentos parecem mais como uma brincadeira de faz de conta que usamos na educação infantil. O professor faz de conta que planejou e o aluno faz de conta que aprendeu. É preciso refletir sobre isto, pois se quisermos uma sociedade forte economica e socialmente, teremos de parar de brincar de faz de conta com a educação no Brasil, seja na Educação Básica, no Ensino Médio ou no Ensino Superior.    

* Drª. Vanda Minini
Educação: Psicologia da Educação pela PUC-SP
Consultora em Educação

A PARTIR DE JANEIRO DE 2012 O GRUPO DE
ARTISTAS/PREFESSORES/PESQUISADORES
ENSINO DE ARTES VISUAIS QUE ESCREVE O BLOG
"ARTISTAS DE MINAS EM SALA DE AULA EM
AULAS DE ARTES VISUAIS"
SE DESDOBRARÁ EM GRUPOS:
- BELO HORIZONTE E ENTORNO
- DIAMANTINA E ENTORNO
- UBERLÂNDIA E ENTORNO
- SÃO JOÃO DEL-REI E ENTORNO
 

ACHADOS E PERDIDOS ENCANTA PELA QUALIDADE GRÁFICA E CANÇÕES QUE COMPLEMENTAM UMA ARTE IMPECÁVEL



Quem marcou presença no Festival Internacional de Quadrinhos deste ano, realizado em novembro, com certeza teve dificuldades diante do estande do grupo Pandemônio, que reúne artistas de Belo Horizonte. Lotado e quente, o cubículo estava tomado de pessoas que queriam, mais do que conhecer novos desenhistas, buscar um exemplar da graphic novel Achados e perdidos. Exaustos e felizes, os três autores da HQ se esmeravam em autografar as cópias dos futuros leitores, que bancaram, via crowdfunding, um financiamento colaborativo pela internet, a obra independente que conta a história de um menino que acorda um dia com um buraco negro na barriga.

A iniciativa de publicar só com a ajuda das pessoas já rendia elogios para os autores sem que ninguém ainda tivesse lido de fato a história. Mas depois que sites especializados em quadrinhos, críticos como Sidney Gusman e editoras como a Cia. das Letras destacaram a impressão notável, a trama envolvente e a qualidade geral de Achados e perdidos, não é exagero dizer que se trata de um marco nos quadrinhos independentes brasileiros. As 212 páginas da publicação trazem uma história madura, de traços contemporâneos firmes e cheios de personalidade. E de quebra, ainda é acompanhado de um CD para criar uma trilha sonora para os quadrinhos.

A repercussão tem impressionado os autores. “A gente não esperava tanto”, confessa Eduardo Damasceno, um dos desenhistas e redatores da história. “A gente confiava no nosso livro e por isso esperava que as pessoas fossem gostar, mas elas estão gostando muito mais do que se imaginou”, acrescenta Luís Felipe Garrocho, que também criou e desenhou a graphic novel. Completa o trio de autores o cantor Bruno Ito, que ficou responsável pelo disco que acompanha o livro.

Parcerias Antes mesmo de existir, Achados e perdidos já causava uma expectativa graças ao trabalho que a dupla de desenhistas faz no site Quadrinhos Rasos (
www.quadrinhosrasos.com). Lá, eles aproveitam letras de músicas como ponto de partida para contar histórias. “Começamos esse projeto na internet simplesmente porque queríamos fazer quadrinhos. Não imaginávamos que alguém ia ler”, explica Luís Felipe. Ao contrário da expectativa, a ideia atraiu vários leitores. Quando descobriram que iriam precisar de R$ 25 mil para a publicação, os autores não tiveram dúvidas e pediram ajuda via crowdfunding, um financiamento colaborativo pela internet.

“Foi uma aposta nossa esse valor alto, e acho que se não funcionasse ia pegar mal para a tentativa de fazer quadrinhos nesse sistema colaborativo”, revela Luís Felipe. Mas a aposta deu mais do que certo: cerca de 570 pessoas apoiaram e a meta inicial foi superada, com mais de R$ 30 mil levantados. “A cada R$ 100 que entravam, o coração voltava a bater um pouco”, brinca Eduardo Damasceno. O dinheiro extra garantiu não só a publicação do livro, mas também de todos os brindes que o acompanhavam, como adesivos, bottons e camisetas.

Para ninguém se iludir com falsas expectativas, os autores se preocuparam em mostrar exatamente como era o trabalho. “Colocamos o primeiro capítulo na internet justamente para quem nos apoiava ver o que estávamos fazendo e saberem bem o que estavam pagando”, explica Luís Felipe, revelando que desde o início a busca pela qualidade foi uma obsessão dos autores. “A gente queria fazer o livro mais bonito do mundo, um negócio meio megalomaníaco mesmo. Fazer uma coisa difícil mesmo, e ainda pôr um CD junto, para complicar ainda mais.”

Tanto trabalho, segundo eles, valeu a pena. Principalmente agora que o livro está chegando à casa das pessoas que ajudaram financeiramente a obra, do Piauí ao Acre e Roraima, e até de outros países, como Portugal, Estados Unidos e Inglaterra. “Teve uma menina que disse se sentiu orgulhosa do resultado. Respondi que ela realmente foi fundamental”, conta Damasceno. “É muito bom ver as pessoas gostando de ter nas mãos uma coisa que elas de fato ajudaram a fazer. É um elogio que é bom de receber também”, completa Luís Felipe.

Independência
Achados e perdidos talvez seja o melhor exemplo de quadrinhos independentes, mas com certeza não é o único. Com outros parceiros, Eduardo Damasceno e Luís Felipe criaram o grupo Pandemônio, que publicou também trabalhos de Ricardo Tokumoto, Lu Caffagi e Daniel Pinheiro Lima. Para eles, o crescimento da cena no Brasil deve muito ao apoio desta edição do FIQ. “Foi muito grande, e ao mesmo tempo muito organizado”, elogia Eduardo Damasceno. “No nosso caso, foi uma prova de confiança e pressão ao mesmo tempo”, conta.

Damasceno exalta também a oportunidade de apresentar seu trabalho para um público de 148 mil pessoas, número que faz do FIQ o maior evento dedicado aos quadrinhos da América, superando inclusive a tradicional San Diego Comic Con, que acontece desde 1970, nos Estados Unidos. Apesar disso, os autores evitam levantar bandeiras. “Teve gente que falou que nós provamos que não precisa de editora, e não é isso. Se provamos alguma coisa foi que existem alternativas que possibilitam a publicação. Não somos contra editoras, sabemos que as pessoas que trabalham nelas amam quadrinhos como todos nós”, argumenta Luís Felipe.

A dupla não descarta trabalhar com uma grande editora no futuro. “Até por ser formado em produção editorial, estaria mentido se falasse que não pensamos em um contato com uma editora grande. Mas não é fundamental, porque já fazemos as coisas que gostamos de fazer do nosso jeito”, pondera Eduardo Damasceno. “Uma hora isso vai dar algum retorno financeiro”, aposta.

Junto e misturado

Um dos diferenciais de Achados e perdidos é o CD que acompanha o livro. A ideia surgiu da vontade da dupla de subverter o que fazem na internet: ao invés de quadrinhos inspirados por músicas, queriam experimentar música inspirada por quadrinhos. “Não pensei muito como ia funcionar, mas adorei a ideia e topei na hora”, recorda o compositor Bruno Ito, que nem sequer lia quadrinhos. Apesar de morar em Roraima desde 2010, ele garante que a distância não foi impedimento. “Tínhamos uma pasta compartilhada e todo dia ia trocando as novidades com eles. Se eu estivesse em BH talvez não funcionasse tão bem”, avalia o músico.

No começo da parceria, a dupla deixou Ito criar à vontade. Mas com o avanço da obra, passou a interferir cada vez mais na criação do músico. “O Bruno pedia que a gente desse pitaco nas músicas, isso fazia ele se sentir parte do livro. No final a gente estava falando sem parar, nossa diversão era dar uma bagunça para ele criar uma música em cima, e ele sempre conseguia”, detalha Luís Felipe. “A coisa fluiu bem e era tão funcional que parecia que ele estava aqui do lado”, garante Eduardo Damasceno.

“A música mudou totalmente a percepção da história e eu não achei que isso fosse possível”, admite Bruno Ito. O resultado foi que o nome dele acabou aparecendo como um dos autores de Achados e perdidos. “São duas artes distintas que funcionam bem separadamente e que, juntas, são uma experiência completa”, avalia. “Quando a gente vê que funcionou junto, se pergunta quais outras artes dariam certo unidas. É muito mais interessante a gente parar de segregar e passar a misturar”, finaliza.

Fonte consultada:

Mais um exemplo de 'interdisciplinaridade' para nossas aulas de Artes Vsuais, incluindo Música: pura Arte...

NANI USA HUMOR PARA CONQUISTAR A GAROTADA

Conhecido como cartunista, o mineiro Nani – que também escreveu textos para os programas humorísticos de TV Chico Anysio, Casseta e planeta urgente, Sai de baixo e atualmente integra a equipe de Zorra total – não se limita a fazer graça para os adultos. Aos 60 anos, ele tem um xodó: lançar livros para as crianças.

O mais recente é A moedinha que queria comprar a felicidade (Editora Melhoramentos), uma espécie de guia introdutório infantil  no mundo das finanças. Nani conta a história do garoto às voltas com o dinheiro e seu poder de vender, de dar lucro, de impor prejuízo e, sobretudo, de dividir o planeta entre ricos e pobres.

“As pessoas me conhecem como cartunista, mas também sou escritor”, avisa Nani, que já lançou para a criançada, entre outros títulos, A menina que acordava as palavras (Melhoramentos), Abecedário hilário (Abacatte Editorial) e Gabriel da Conceição Bicicleta (Abacatte).

Nani fisga o pequeno leitor usando o que sabe fazer melhor: humor. Em A menina que acordava as palavras, deixa a criançada intrigada com vocábulos esquisitos como iníquo, desdém, plúmbeo e meditabundo.



Em A moedinha..., ele inventou uma corrida de cachorros, em pleno jóquei, para falar de apostas e prêmios. Ao abordar o tema investimento, deixou o economês de lado e criou história divertida para explicar a origem do lucrativo cachorro-quente. Enquanto os casos se sucedem, a protagonista – a tal moedinha do título – se mete em várias confusões, passando pelos bolsos de um rei, de um malandro, de um apostador e, claro, de um ladrão.



Fonte consultada:

Para a proposta Artistas de Minas em Sala de Aula sugerimos também a 'interdisciplinaridade' como pode acontecer com a utilização dessas obras: Artes Visuais (desenho, charge, artes gráficas) com Língua Portuguesa, Matemática...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O ENSINO DE ARTES VISUAIS, CONTEPORANEAMENTE...

Acabando de ler...
Jornal ESTADO DE MINAS...

FERNANDO BRANT
OS MENINOS E JUAN MIRÓ

Cantando e contando histórias vai-se construindo uma possibilidade de criação de melhores cidadãos
As crianças de 5 anos aprendem na escola a magia do traço de Juan Miró. São pequenas, mas falam com uma desenvoltura admirável sobre o que aprenderam. As características essenciais da pintura surrealista contrastando com o olhar real de outro artista, que retrata animais e objetos que todos conhecem. A simples percepção da diferença de foco já é um achado.

A sensibilidade menina percebe a estrela sempre presente nas obras do pintor catalão. E vê que as pessoas que ele traça na tela são desconstruídas, misturadas, todos os pedaços lá estão, mas de forma desorganizada, diferente.

Agora, eles vão tentar reproduzir o que aprenderam. E vários Mirós surgem na sala, felizes. Pais e avós, orgulhosos, sorriem pelos olhos e pelas bocas. A arte educa. Um dos caminhos é a música. E como a meninada gosta de cantar. Há, há alguns anos, movimento de criação de canções de qualidade para eles. De várias cidades do país chegam melodias e letras para a garotada, superiores ao que é oferecido aos adultos nos meios de comunicação de massa.

Cantando e contando histórias vai-se construindo uma possibilidade de criação de melhores cidadãos. Pelos que estão no meu raio de influência, procuro fazer a minha parte.

O desenho é outra vereda para se atiçar a sensibilidade dos pequenos. Eles movem suas mãos conduzindo lápis, giz e pincéis, e preenchem o vazio do papel de acordo com seu controle motor, sua personalidade e imaginação.

Muitas escolas, hoje, não querem repetir o erro cometido contra os que são pais e avós agora. Os meninos vinham da infância cheios de vontade de invenção e eram jogados em um ensino formal, que lhes tirava toda sede de criar.

As aulas de desenho que tive no colégio fizeram com que odiasse aquela matéria. Professor é essencial, mas é uma profissão que pode abrir ou fechar, encaminhar ou desviar o rumo de seus alunos.

Mas o que sinto nesta escola que visito sempre é que se usam arte e a beleza para fazer a criançada crescer. A educação tem de ser um jogo agradável, um despertar para o conhecimento. E quando se dança, se canta, se pinta e se brinca. Quando há sensibilidade nos mestres, pois são mestres essas moças que cuidam dos primeiros passos dos que amamos, toda esperança e otimismo têm razão de ser.

Os desenhos desses meninos me lembram o que nunca mais consegui fazer. Admiro a inocência e a coragem implícita que eles têm de se aventurar entre rabiscos que se tornam coisas belas. Dou um beijo na menina que me fez vir a esse encontro e saio pela rua inundado de felicidade.
Estado de Minas/Caderno de Cultura-pág.10/14dez2011

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

XXI CONFAEB-CONGRESSO NACIONAL DA FEDERAÇÃO DE ARTEEDUCADORES DO BRASIL


A FAEB foi criada em 1987 e se constitui na primeira entidade civil para-acadêmica voltada para a pesquisa e o ensino das linguagens artísticas (artes visuais, música, teatro e artes visuais), em âmbito nacional, congregando atualmente onze associações e núcleos regionais, a saber: AAEESC / Associação de Arte-Educadores do Estado de Santa Catarina; AAEPA / Associação de Arte-Educadores do Estado do Pará; AEBA / Associação de Arte-Educadores da Bahia; AERJ / Associação de Arte-Educadores do Rio de Janeiro; AESP /Associação dos Arte-Educadores de São Paulo; AGA-RS / Associação Gaúcha de Arte-Educadores; AMAE / Associação Maranhense de Arte-Educadores; AMARTE /Associação Mineira de Arte-Educação; ANARTE / Associação Nordestina de Arte-Educadores Núcleo Pernambuco; APAAL / Associação de Professores de Arte de Alagoas; APAEP / Associação Paranaense Paraná); APPARTE / Associação Paraibana de Profissionais de Arte na Educação; ASAE / Associação de Arte-Educadores do Distrito Federal; ASMAE / Associação Sul-Matogrossense de Arte-Educadores; Grupo de Estudos de Arte-Educadores do Espírito Santo; Grupo Semana Noêmia Varela do Piauí.

Contando com esse apoio de base e estando bem estruturada em todas as regiões do Brasil, a FAEB vem liderando desde a sua criação um vigoroso movimento em favor da presença da arte na educação brasileira – seja atuando junto aos parlamentares da constituinte de 1988, na pressão sobre o Conselho Federal de Educação no momento da elaboração das diretrizes para o ensino superior e básico, na luta junto aos poderes públicos por conquistas que assegurem a qualidade do trabalho arte educativo na escola e na comunidade, dentre outras frentes. Representa ainda o Brasil junto ao CLEA / Conselho Latino Americano de Educação pela Arte e integra uma rede de entidades que almejam o fortalecimento da criação artística e o acesso à cultura.

O congresso de São Luís será o vigésimo primeiro da história da FAEB, marcando a presença e a força do Norte e Nordeste que une o Brasil. Anteriormente foram realizados congressos em Brasília (três vezes); Florianópolis, Campinas e Goiânia (duas vezes) e também em São Paulo, Porto Alegre, Belém, Recife, Campo Grande, Macapá, Salvador, Rio de Janeiro, Ouro Preto, região do Cariri (CE) e Belo Horizonte.

Será esta uma excelente oportunidade de integrar o estado do Maranhão na luta por mais investimentos na esfera da cultura, com projetos voltados para reflexão sobre a pesquisa em arte, educação e tecnologia para o apoio ao trabalho dos arte-educadores e para o suporte à ação dos agentes culturais. A cidade de São Luís, patrimônio universal da cultura, dará suporte físico e sentimental ao processo de construção de novas maneiras de formação de arte-educadores e de professores de arte.

A parceria interinstitucional estabelecida entre a Universidade Federal do Maranhão / UFMA e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão / IFMA, contando ainda o apoio dos órgãos públicos federais, estaduais e municipais, será a garantia de um congresso primoroso e socialmente válido.

A UFMA conta com larga experiência na formação de professores de arte, desde os anos 1970, além de contar com um mestrado interdisciplinar que dá forte ênfase em pesquisas acerca das linguagens da arte – PGCULT / Programa de Pós-Graduação Cultura e Sociedade.

O IFMA também tem um patrimônio memorável no que se reporta à relação entre arte e educação e o Campus Centro Histórico possui um perfil voltado para a cultura, arte e tecnologia.

Os campi de São Luís da UFMA e do IFMA estão sendo reformados atualmente, com previsão de inauguração das obras em tempo hábil para a realização do XXI CONFAEB – grandes auditórios, cine-teatro, salas de aula amplas, laboratórios de multimídia, praças e galerias. A união entre essas duas instituições será um marco muito importante na dimensão local mas também em termos nacionais, favorecendo a inserção e a inclusão das mesmas no panorama científico e artístico até mesmo no cenário internacional.

OBJETIVOS

- Promover o encontro de pesquisadores, professores e estudantes de arte e de arte-educação, com vistas a possibilitar a elaboração de novos projetos de pesquisa em artes visuais, dança, música e teatro, bem como a ampliação dos já existentes.
- Propiciar a visibilidade da pesquisa sobre arte, educação e tecnologia, ampliando as possibilidades de surgimento de novas abordagens relacionando a arte-educação aos seguintes temas: histórias do ensino de arte; formação de professores; métodos e teorias metodológicas; educação, arte e tecnologias da informação e da comunicação; recepção e mediação cultural; educação, arte, gênero e trânsitos nas estéticas do corpo; linguagens da arte e suas confluências interdisciplinares; multi e interculturalismo.
- Definir estratégias de possíveis caminhos e as metas nacionais que permitam avançar na construção de saberes didáticos, pedagógicos, investigativos e de políticas públicas nos setores de arte-educação e cultura nessa região brasileira.
- Gerar propostas de fomento à arte-educação,consolidando redes de informação e comunicação para a apropriação, criação e pesquisa nos campos artístico e cultural.

RELAÇÃO DE CONGRESSOS REALIZADOS DESDE 1988

I CONFAEB – 1988, Taguatinga (DF) – Tema: Formação do professor
II CONFAEB – 1989, Brasília – Tema: LDB. Evento paralelo: III Encontro Latino Americano de Arte/Educação (ELAE)
III CONFAEB – 1990, São Paulo – Apoio: Associação dos Arte-Educadores de São Paulo (AAESP)
IV CONFAEB – 1991, Porto Alegre – Tema: Ensino de arte: alienação ou compromisso. Apoio: Associação Gaúcha de Arte-Educadores (AGA)
V CONFAEB – 1992, Belém – Tema: Arte-educador: reflexões e práxis. Evento paralelo: 1º Fórum sobre os Currículos dos Cursos de Artes. Apoio: AAEPA
VI CONFAEB – 1993, Recife – Tema: Alfabetização estética: da criação à recepção, projeto para o 3º milênio. Evento paralelo: 2º Fórum sobre os Currículos dos Cursos de Artes
VII CONFAEB – 1994, Campo Grande – Tema: Educação estética para a América Latina. Eventos paralelos: III Encontro Latino-Americano de Arte-Educadores / II Fórum Nacional de Avaliação e Reformulação do Ensino Superior das Artes
VIII CONFAEB – 1995, Florianópolis – Tema: Ensino de Arte e a socialização dos Bens Artísticos. Apoio: UDESC
IX CONFAEB – 1996, Campinas – Tema: Ensino de arte: rumos, ações e resistências. Apoio: AAESP e PUCCAMP
X CONFAEB – 1997, Macapá – Tema: Qualidade e produção para o ensino da arte. Apoio: Universidade Federal do Amapá
XI CONFAEB – 1998, Brasília – Tema: Políticas educacionais e culturais no limiar do séc. XXI. Apoio: ASAE/DF; UnB
XII CONFAEB – 1999, Salvador – Tema: É possível ensinar arte? Globalização, identidade e diferenças
XIII CONFAEB – 2001, Campinas – Tema: Ensino da Arte: História e Perspectivas. Evento paralelo: 1º Festival Sul-Sudeste de Arte sem Barreiras
XIV CONFAEB – 2003, Goiânia – Tema: Arte/Educação: Culturas do ensinar e culturas do aprender.   Apoio: FAV-UFG
XV CONFAEB – 2004, Rio de Janeiro – Tema: Trajetórias e políticas do ensino de arte no Brasil. Apoio: FUNARTE
XVI CONFAEB – 2006, Ouro Preto – Tema: Unidade na Diversidade: tendências, conceitos e metodologias no ensino da arte. Apoio: Associação Mineira de Arte-Educação (AMARTE) / UFOP / UFMG/ Prefeitura e Fundação de Arte de Ouro Preto
XVII CONFAEB – 2007, Florianópolis – Tema: FAEB 20 anos de história. Apoio: Associação dos Arte-educadores de Santa Catarina
XVIII CONFAEB – 2008, Cariri (CE): – Tema:Arte/Educação contemporânea: narrativas do ensinar e aprender artes. Apoio: Universidade Regional do Cariri – URCA
XIX CONFAEB – 2009, Belo Horizonte – Tema: Concepções contemporâneas. Em paralelo: Encontro Nacional de Arte/Educação, Cultura e Cidadania. Apoio: UFMG
XX CONFAEB – 2010, Goiânia – Tema: CONFAEB 20 anos: indivíduos, coletivos, comunidades e redes. Evento paralelo: VII Seminário do Ensino de Arte do Estado de Goiás.      Apoio: FAV-UFG
XXI CONFAEB – 2011, São Luís – Tema:  Culturas da pesquisa: arte, educação, tecnologia. Evento paralelo: XI Encontro Humanístico. Apoio: UFMA; IFMA

O PROFESSOR/PESQUISADOR/ARTISTA - O PERFIL DO PROFESSOR DE ENSINO DE ARTES VISUAIS

 NOVAS TERRITORIALIDADES E IDENTIDADES CULTURAIS: O ENSINO DE ARTE E AS TECNOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS

Lucia Gouvêa Pimentel - UFMG

Resumo
O artista tem como uma de suas prerrogativas ser errante de ideias e processos. O ensino tem por norma ser uma forma sistematizada, sob o controle de um professor. O pesquisador tem por obrigação ir a fundo nas questões que investiga. Ser artista/professor/pesquisador exige investimento constante em cada uma dessas ações. Tendo como premissa que para ser professor de Arte é necessário ter uma prática artística e atividade de pesquisa, o trabalho de formação desse professor reveste-se de complexidade e importância redobradas. Questões como identidade cultural e adequação de escolha de trabalho com determinados artistas locais, regionais, nacionais ou internacionais são importantes para o alinhamento que se propõe no ensino de Arte ao mundo contemporâneo.
Palavras-chave: Ensino de Arte; Cultura, Tecnologias Contemporâneas.

Abstract
One of the prerogatives of the artist is to be nomadic with respect to ideas and processes. Teaching normally complies with a systematic standard, under the teacher's control. The researcher has to delve deep into the questions being investigated. To be an artist/teacher/researcher requires constant investment in each of those activities. Because, in order to be an art teacher it is necessary to practise art and carry out research, the job of training art teachers assumes redoubled complexity and importance. Questions about cultural identity and making good choices with respect to working with particular artists, whether local, regional, national or international, are important for aligning what is proposed in art teaching with the contemporary world.
Key Words: Art teaching; Culture; Contemporary technologies.

Artista/professor/pesquisador

A dinâmica da produção artística refere-se a reflexos e incitações do pensamento humano, que se transmutam em formas, sons, cores, movimentos, gestos etc. E a arte contemporânea é, ao mesmo tempo, condescendência e contradição; apaziguamento e conflito; paridade e incongruência. O artista tem como uma de suas prerrogativas ser errante (nômade) de ideias e processos. O ensino tem por norma ser uma forma sistematizada, sob o controle de um professor. O pesquisador tem por obrigação ir a fundo nas questões que investiga.

As fontes de fruição, contextualização e experimento artístico são, em primeira instância, uma escolha dialogal entre: professores de Arte, escola e alunos em seus respectivos locais de trabalho. Há que se considerar que a provocação da experiência estética tem que incluir não só artes curatorialmente reconhecidas (de suma importância), como também são igualmente relevantes o artesanato, a arte popular, a arte de mídia eletrônica e outras. A tecnologia digital propicia novas formas de pensar e fazer arte. Para que isso aconteça, os alunos precisam entender a natureza dos instrumentos de arte e os meios de escolha.

As ações de artista, professor e pesquisador se formam não somente nos cursos universitários, mas também na prática diária de sala de aula, desde que o professor planeje e teorize sua prática. É preciso que o professor considere que teoria não é só o que os outros autores dizem ou escrevem, mas também o que ele próprio pensa sobre sua prática, discute e registra, revendo e renovando constantemente. Aliás, o registro e a divulgação da prática do professor são pontos importantíssimos para o avanço da construção de conhecimentos na área de ensino de Arte.

Novas territorialidades e identidade cultural

É possível falar em identidade cultural quando nos referimos à arte? Como pontuar a identidade de uma cultura?
Essas são perguntas que nos fazemos ao lidar com crianças e jovens de diferentes heranças culturais nas aulas de Arte.
As fontes de fruição, contextualização e experimento artístico são, em primeira instância, uma escolha dialogal entre: professores de Arte, escola e alunos em seus respectivos locais de trabalho.

O que pode ser proposto são referências para o balizamento dessas escolhas, a partir do momento em que os conhecimentos escolares nos proporcionam uma trajetória com vias amplamente abertas para que se possa percorrer, de acordo com o que se deseja alcançar com o ensino/aprendizagem de arte.

Nossa responsabilidade frente às nossas escolhas não se restringe a um processo educacional localizado apenas na sala de aula ou no contato escolar. Ela refletirá nossas próprias concepções enquanto indivíduos culturais e, portanto, políticos. 767
Os significados e os padrões culturais do cotidiano não são suficientes para garantir o aprendizado dos estudantes e ampliar seus horizontes. Propostas ou referenciais curriculares são necessários, mas por si só não são suficientes para o desenvolvimento de um projeto educacional que pretenda a formação integral do educando. Em arte, há necessidade de ampliarmos, em nossos alunos, o âmbito e a qualidade da experiência estética.

Isso significa que existe uma interlocução entre as propostas de construção elaboradas pelo educador e o respeito ao conhecimento trazido pelo aluno. A experiência estética já é desfrutada pelo indivíduo antes que ele entre para a escola.

Sendo a arte parte integrante da cultura, sua incorporação nas escolas é uma das estratégias mais poderosas para a construção de uma cidadania multicultural, já que facilita o conhecimento e o desfrute das expressões artísticas de diferentes culturas, o que submerge os alunos no reconhecimento e respeito à diversidade cultural e pessoal.

A vivência de experiências estéticas significativas depende de intencionalidade responsável, tanto na legitimação dos propósitos quanto na clareza do que se pretende avaliar ao final do tempo de trabalho.

É importante destacar o papel do ensino de arte na informação de suas premissas e valores, mas tão importante quanto é destacar esse ensino na construção da personalidade e valores do próprio sujeito aprendente. A arte deixa, pois, de ser uma ferramenta educacional para ser um motivo de vida e de exercício de cidadania.

É preciso pensarmos e agirmos em estratégias que contemplem a complexidade da arte/educação tanto em relação ao artista/professor/pesquisador que aprende enquanto ensina, quanto em relação ao educando, que constrói conhecimentos e vida cultural e pessoal nessa relação. As formas têm que ser múltiplas e criativas.

Fica a responsabilidade na formação de professores de Arte que sejam aptos a colaborar na tarefa de transformar o conjunto de conhecimentos e experiências em algo apreendido e aprendido como valor. Professores/artistas que sejam capazes de criar, produzir, pesquisar, teorizar, educar, provocar, refletir, construir trajetórias e aceitar desvios.

O ensino de Arte pode promover a valorização social da formação artística, em seus diferentes enfoques, níveis e modalidades, como campo específico de conhecimento que constitui e desenvolve a sensibilidade e a capacidade de criação dos povos, baseada na memória e renovação do patrimônio natural e cultural, assim como no reconhecimento da diversidade cultural.

Contamos com um rico patrimônio natural e cultural tangível e intangível que precisa ser respeitado e preservado em movimentos constantes e dinâmicos de ação. Cabe aos sistemas educativos propiciar acesso a esses bens culturais, de forma que novas formas de educação, novas estratégias e ações criem condições para a construção do presente e do futuro. É uma ação política que necessita de todos os envolvidos para ser levada a cabo.

Aprendizagens e saberes

Como área de conhecimento, Arte está ligada ao pensamento complexo, que, ao mesmo tempo que aciona os níveis mentais e sensitivos mais simples, elabora conexões e interrelações em todos os níveis, de forma muitas vezes não linear.

Os estudos recentes na área da aprendizagem têm demonstrado que várias são as formas de aprender. A aprendizagem, também, não é um fato individual, mas se realiza no coletivo, horizontal e verticalmente. Isso quer dizer que vários são os fatores que contribuem – ou não – para que uma criança aprenda. E esses fatores são das mais variadas ordens e a escola é o espaço instituído pela sociedade para sistematizar determinadas aprendizagens.

Contemporaneamente, estudos já demonstram que os estágios de desenvolvimento da criança, antes taxados como espontâneos, padronizados e de responsabilidade individual, acontecem de forma integrada com as aprendizagens a que ela está submetida. Isso muda o foco da questão, passando-a da condição individual para a condição coletiva. E mais: só acontece a aprendizagem quando há criação de sentido, isto é, quando a informação for significativamente consistente para que ganhe significância para a criança.

Repetir ou treinar habilidades que nada significam para o aluno não promove, portanto, aprendizagem. Há estudos que comprovam que o espaço para a imaginação é o espaço mais propício para construção de conhecimentos. A teoria da Cognição Imaginativa ganha cada vez mais força na área da aprendizagem.

O ensino de arte, nos dias de hoje, não pode se abster do uso de tecnologias contemporâneas, quer seja na produção artística, quer seja nos estudos sobre arte. Desde a fase de registro escrito ou imagético, o uso de tecnologias participa da vida do artista/professor/pesquisador, mesmo que seja apenas como ferramenta. Já na fase de divulgação, a ferramenta pode vir a ser um instrumento de criação. A divulgação, tanto da produção quanto dos estudos, deve fazer parte integrante do processo de ensino, uma vez que é através dela que esse processo se dinamiza e reinicia constantemente.

A tecnologia digital propicia novas formas de pensar e fazer arte. Para que isso aconteça, os alunos precisam entender a natureza dos instrumentos de arte e os meios de escolha. Isso significa que é importante que façam exercícios para conhecer programas de tratamento de imagem, por exemplo, mas é essencial que pensem seu trabalho como sua própria produção artística, e não somente usem os recursos desses programas aleatoriamente.

Ao trabalhar com arte digital, algumas considerações devem ser feitas. É necessário pensar até que ponto é o equipamento que determina os resultados conseguidos e até que ponto esse resultado é o pensamento artístico do autor da obra. Também é necessário pensar se o uso do equipamento é a melhor escolha em relação aos meios de criação. Muitas vezes, o uso de técnicas tradicionais aliadas aos meios digitais é a melhor saída para a elaboração de uma obra.

É fundamental, portanto, no ensino de arte contemporâneo, que os alunos, através de pesquisas, observações, análises e críticas, possam conhecer e analisar os processos:
• dos produtores de arte - artistas;
• dos seus produtos - obras de arte;
• dos difusores tecnológicos da produção artística;
• dos públicos apreciadores de arte no âmbito da multiculturalidade.

Referências
BARBOSA, Ana Mae. Dilemas da Arte/Educação como Mediação Cultural em Namoro com as Tecnologias Contemporâneas. IN: BARBOSA, Ana Mae (org.). Arte Educação Contemporânea: Consonâncias Internacionais. São Paulo: Cortez, 2005.
BARBOSA, Ana Mae. Artes Visuais: da exposição à sala de aula. São Paulo: EDUSP, 2006.
BARBOSA, Ana Mae. Tópicos Utópicos. Belo Horizonte: C/Arte, 1998.
BOUGHTON, Doug. Avaliação: da teoria à prática. (IN) BARBOSA, Ana Mae. Arte/Educação Contemporânea: consonâncias internacionais. São Paulo: Cortez, 2005.
LANIER, Vincent. Devolvendo Arte à Arte-Educação. IN: BARBOSA, Ana Mae. (org). Arte-Educação: Leitura no Subsolo. São Paulo, Cortez, 2002.
MATURANA, Humberto. Emoções e Linguagem na Educação e na Política. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.
MEIRA, Marly. Filosofia da Criação: reflexões sobre o sentido do sensível. Porto Alegre: Mediação, 2003.
MOREIRA, Antônio Flávio. A importância do conhecimento escolar em propostas curriculares alternativas. IN: Universidade Federal de Minas Gerais/ Faculdade de Educação. Educação em revista. n 45, jun. 2007. Belo Horizonte: FAE/UFMG.
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS IBEROAMERICANOS. Pressupostos 2007-2008. Madrid: OEI, 2007.
PIMENTEL, L. Gouvêa. Tecnologias Contemporâneas e o Ensino da Arte. IN: BARBOSA, Ana Mae. (org). Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte. São Paulo: Cortez, 2003.
PIMENTEL, Lúcia Gouvêa. Arte e Ciência. Presença Pedagógica, Porto Alegre, v. 12, n. 67, p. 78-80, Jan./Fev. 2006.
PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE – SECRETARIA DE EDUCAÇÃO. Desafios de ensinar e aprender: referenciais curriculares para a educação fundamental. CDRom, 2007.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: Técnica e tempo. Razão e emoção. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002.
SOUCY, Donald. Não Existe expressão sem Conteúdo. . IN: BARBOSA, Ana Mae (org.). Arte Educação Contemporânea: Consonâncias Internacionais. São Paulo: Cortez, 2005.

Lucia Gouvêa Pimentel
Professora Titular da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (EBA/UFMG). Doutora em Artes-Arte/Educação (ECA/USP). Membro da AMARTE, ANPAP, FAEB, do CLEA, do Conselho Mundial da InSEA e do Comitê de Especialistas da OEI. Atua nas áreas de ensino de arte e tecnologias contemporâneas, gravura, formação de professores, currículo e metodologias de avaliação em arte e projetos culturais.

sábado, 3 de dezembro de 2011

INTERFACES COM ARTISTAS LOCAIS

O ensino de Arte na escola: interfaces com as artistas locais
La educación artística en la escuela: la interfaz con los artistas locales
BARROS, N.B
Acadêmica do curso de Especialização em Artes Visuais/EBA/UFMG
ANJOS, C.R
Professora orientadora do Curso de Especialização em Artes Visuais/EBA/UFMG
Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais – EBA/UFMG - Brasil

RESUMO
O texto “O ensino de Arte na escola: interfaces com as artistas locais” é parte da monografia
que será apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ensino de Artes Visuais/EAD
realizado pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, em agosto
de 2009. A investigação teve como objetivo identificar, descrever e compreender como se dá
a aproximação da produção artística local com o ensino da Arte, especificamente, com os
alunos do nono ano de uma escola da rede estadual de educação da cidade de Araçuaí, a
partir das definições, pressupostos e indicações pedagógicas presentes na LDBEN 9394/96
e da Proposta Curricular do Estado de Minas Gerais. Buscou, assim, aprofundar o
entendimento da escola quanto à inserção do trabalho das artistas locais nas práticas
cotidianas da mesma. A metodologia usada foi o estudo de caso, no qual foram feitas
observações das práticas cotidianas de ensino da Arte, bem como entrevistas semiestruturadas
com duas artistas, com estudantes e com o professor de Arte. Os resultados da
pesquisa evidenciam que a escola tem avançado muito lentamente nessa concepção,
principalmente no que se refere apropriação da produção artística local como conteúdo de
estudo da disciplina.
RESUMEN
El texto "La educación artística en la escuela: la interfaz con los artistas locales, es parte de
la monografía se presentará a la Post-graduado de la Escuela de Artes Visuales / EAD
llevada a cabo por la Escuela de Bellas Artes de la Universidad Federal de Minas Gerais en
agosto de 2009. La investigación tuvo como objetivo identificar, describir y comprender cómo
el enfoque de la producción artística local com la educación de arte, específicamente con los
estudiantes de noveno grado en una escuela en el sistema estatal de educación en la ciudad
de Araçuaí de las definiciones , los supuestos y las indicaciones pedagógicas presentes en
LDBEN 9394/96 y la estructura propuesta para el Estado de Minas Gerais. Buscamos tanto,
profundizar en la comprensión de la escuela y la inserción de la obra de los artistas locales
en las prácticas cotidianas de la misma. La metodología utilizada fue un estudio de caso en
el que se realizaron observaciones de las prácticas cotidianas de la enseñanza del arte, así
como entrevistas semi-estructuradas con los dos artistas, con los estudiantes y el profesor
de Arte. Los resultados del estudio muestran que la escuela se ha movido muy lentamente
en este punto de vista, especialmente con respecto a la propiedad de la producción artística
y el estudio de contenido local de la disciplina.
Palavras-chave: arte, educação, ensino e cultura.
Palabras-claves: arte, educación, educación y cultura.
Este artigo consiste de reflexões que foram se constituindo ao longo da nossa
prática pedagógica e, conseqüentemente, durante o curso de Pós-graduação em
Ensino de Artes Visuais, modalidade a Distância, realizado pela Escola de Belas
Artes da Universidade Federal de Minas Gerais – EBA/UFMG, especialmente da
primeira autora com o ensino de arte e que nos estimularam a buscar uma
compreensão mais situada deste campo de conhecimento numa escola da rede
estadual da cidade de Araçuaí- MG.
Algumas indagações serviram de ponto de partida: as práticas pedagógicas,
especificamente, o ensino de Arte está dialogando com a produção artística local?
Por que a escola não utiliza como material didático a produção artística local? Por
que os estudantes não conhecem a produção artística da região onde vivem? Como
está o ensino de Arte na Escola Estadual Dom José de Haas a partir da LDBEN
9394/96? Em que a Proposta Curricular do Estado de Minas Gerais está contribuindo
para o ensino da arte?
Para problematizar e responder a essas questões foram revistas as várias e
permanentes discussões acerca do ensino da arte no Brasil e, principalmente, na
Rede estadual de ensino de Minas Gerais a LDBEN 9394/96 é, sem dúvida, um
marco significativo na História da Arte/Educação e, mais especificamente, no ensino
da arte, porque estabelece tal disciplina como componente obrigatório da educação
básica. Da mesma forma a Proposta Curricular do Estado de Minas Gerais/Arte/
2006 porque considera a arte como uma área de conhecimento com especificidades
e elementos próprios em sua constituição.
A necessária delimitação de um problema de investigação nos levou a um
recorte desse ensino da arte numa escola da rede estadual de ensino/MG/Araçuaí.
Teve como objetivo compreender como se dá a aproximação da cultura local,
especificamente o artesanato, com o ensino de Arte na Escola Estadual Dom José
de Haas, bem como com os estudantes da referida escola. Especificamente, o tipo
de apropriação que os professores de Arte têm da arte local, em especial o
artesanato, como área do conhecimento na formação estética e crítica dos alunos;
como os estudantes desenvolvem suas habilidades artísticas e como as relacionam
com as produções dos artistas locais, bem como as produções de seus colegas e
seus respectivos interesses em conhecer a história de vida dos artesãos da região e
a valorização do artesanato do Vale do Jequitinhonha.
A pesquisa foi de natureza qualitativa, configurando-se em um Estudo de
Caso desenvolvido em uma escola de rede estadual de ensino, na cidade de
Araçuaí. A escola escolhida foi a Escola Estadual Dom José de Haas por conter um
alunado bastante diversificado, oriundo de áreas periféricas e da zona rural que
convive com as mais variadas situações da vida cotidiana. As técnicas utilizadas
foram: levantamento bibliográfico permanente, tomando como referência central
Pimentel (1999) que favoreceu maior entendimento da relação professor/aluno no
processo de ensinar e aprender arte, quando diz:
ensinar e aprender arte não é um processo de mão única. Depende da
participação efetiva de professores e alunos. Ambos têm conhecimento e
experiência no assunto e experiência de vida, isto é, aprendizagem
institucional (1999, p. 41).
Além disso, entrevistas semi-estruturadas, observação sistemática do
cotidiano da escola; observação participante; coleta de depoimentos orais e pesquisa
documental junto ao acervo da Escola e de outras fontes.
Por conta da limitação de espaço, neste artigo privilegiamos os depoimentos
das artistas locais, dos estudantes e do professor de Arte da escola pesquisada, em
que pese o texto completo da pesquisa abranger outras atividades relativas a esta
disciplina.
Desenvolvimento
Este estudo visou refletir sobre o significado sócio-cultural da Arte no contexto
escolar, no sentido de ampliar a percepção, a imaginação e a capacidade de
expressão dos estudantes da Escola Estadual Dom José de Haas e, também sobre a
contribuição para o crescimento pessoal, experiência lúdica e humanizadora e,
sobretudo, para a construção do conhecimento, interpretação, expressão artística e
transformação da realidade.
Para isso, necessário se fez buscar elementos na expressividade da
população da região, sobretudo, dos artistas e da produção artística. Para mais
adiante, dialogarmos com o ensino de Arte na escola.
No Vale do Jequitinhonha, a cultura é manifestada de várias formas, por meio
da música, teatro, festas religiosas, dentre outras. Porém, a manifestação cultural
mais forte, que traduz com fidelidade a resistência e a luta de um povo é o barro e a
madeira é possível sustentar a vida que está expressa no artesanato. É o berço de
vários artesãos como Lira Marques, Zefa, Adão, D. Isabel, dentre outros,
reconhecidos mundialmente.
Em depoimento, D. Lira e D. Zefa verbalizaram, entre outras, sobre suas
produções, bem como de suas impressões sobre o ensino de Arte nas escolas de
Araçuaí e o reconhecimento de seus trabalhos na região onde vivem e produzem.
A partir do depoimento D. Zefa, pudemos constatar que existe um preconceito
muito grande em relação ao que o pobre e o negro, bem como em sua produção.
Isso fica evidente na fala da artista, quando revela que
o que eu faço, as peças que crio, fossem produzidas por pessoas de posse,
com certeza estariam numa condição bem melhor do que a minha e sua
arte reconhecida e valorizada (Entrevista realizada em 26/04/2009).
Já no depoimento de D. Lira, ficou evidenciado que a sua arte é muito
reconhecida pelas pessoas de fora, mas desvalorizada pelo povo de sua região,
principalmente do seu município. Afirmou também que essa desvalorização está
relacionada à falta de reconhecimento do seu trabalho, como arte.
No entanto, pudemos verificar que essas artistas são conhecidas e
reconhecidas nacionalmente e, até mesmo, internacionalmente pela grandiosidade
da sua arte. Embora não tenham atingido o reconhecimento por parte da
comunidade local, elas atribuem aos educadores em geral a responsabilidade de
fazer da escola um espaço de preservação da cultura, proporcionando aos
estudantes o contato com as mais variadas manifestações culturais.
Sobre isso, percebemos que não existe, ainda, por parte das escolas, dos
professores de Arte e, menos ainda, por parte de professores de outras áreas do
currículo escolar, o conhecimento e reconhecimento enquanto expressão de um
povo. Apesar das indicações da legislação em vigor, LDBEN 9394/96, e as
proposições curriculares oficiais, PCN/Arte (1998), PCMG/Arte (2004) e o CBC/Arte
(2005) para esse ensino, de forma a conhecer, considerar e interpretar as
expressões artísticas regionais, nacionais e internacionais e a partir da reflexão,
contextualização e do fazer artístico ampliar o repertório visual do estudante. Estas
indicações, de acordo com nossa interpretação, estão presentes nos elementos de
composição das obras de artes visuais – escultura, modelagem e pintura que fazem
parte do Eixo Temático I “Conhecimento e expressão em Artes Visuais” do CBC
(Conteúdo Básico Comum) em Arte do Ensino Fundamental do 6º ao 9º anos.
Na entrevista realizada com os estudantes da referida escola, percebemos um
desconhecimento, de um modo geral, da vida e obra dos artistas de Araçuaí embora
esses jovens reconheçam o valor da arte, pois sabem que com ela, eles se
aproximam de saberes culturais, reconhecem suas raízes, além de desenvolver
conhecimentos estéticos e artísticos, competências e habilidades como define as
Proposições Curriculares do Estado de Minas Gerais/Arte:
arte é a oportunidade de uma pessoa explorar, construir e aumentar seu
conhecimento, desenvolver suas habilidades, articular e realizar trabalhos
estéticos e explorar seus sentimentos. O ensino de arte deve possibilitar a
todos os alunos a construção de conhecimentos que interajam com sua
emoção, através do pensar, apreciar e do fazer arte (2008, p.12).
No entanto, percebemos que esses alunos manifestaram interesses em
conhecer as obras de Lira e Zefa, ou mesmo de outros artesãos locais, e mais, que
essas obras sejam tomadas como objeto de estudo.
Já com o professor de Arte da turma investigada, pudemos perceber que sua
prática é fundamentada no que define o CBC de Arte para os anos finais do ensino
fundamental; porém, a parte prática, no que diz respeito à utilização do artesanato
local como objeto de estudo, fica restrito a material teórico e de áudio, o que foi
justificado pelo mesmo, a falta, na maioria das vezes, de adequação dos materiais
pela escola.
Considerações finais
Embora muitos traços do passado tenham se extinguido com a globalização,
presenciamos os artesãos que relutam contra as intempéries do tempo e que
continuam preservando sua arte, manifestada especificamente no artesanato, que
não perdeu sua majestade, pois continua muito rico e diversificado como grande
destaque da riqueza cultural do Vale do Jequitinhonha.
Apesar da falta de acesso a produção artística da região, os estudantes
demonstram a vontade e necessidade de conhecê-la, e avaliam que a escola seria
um veículo em potencial para isso.
Em relação à escola, percebemos que falta uma apropriação maior da arte da
região, principalmente pelas indicações pedagógicas contemporâneas que requer um
ensino mais voltado para realidade de seus atores.
Diante dos fatos observados, percebemos, também, a importância e
necessidade da escola em replanejar sua proposta curricular na busca da
valorização da arte como forma de crescimento pessoal e social dos alunos. Além de
aprender a produzir e apreciar trabalhos de arte é importante que os alunos
aprendam a valorizar a produção artística de diversos grupos sociais e que essa
aprendizagem seja iniciada com os artistas locais, com respeito às suas origens,
preservando essas manifestações artísticas para que possam perpetuar no tempo e
não acabem fazendo parte somente de acervo literário, virando história.
Em que pese os avanços e movimentos realizados pela escola para significar
os conteúdos escolares, ainda há uma distância grande para considerar o potencial e
a qualidade do trabalho das artesãs locais e a utilização da matéria prima disponível
na região como conteúdo a ser desenvolvida nas aulas de Arte.
Referências
BRASIL. Lei n. 9394/96 – 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte,
1998.
PIMENTEL, Lúcia Gouveia, CUNHA, Evandro José Lemos da, MOURA, José Adolfo.
Proposta Curricular CBC Arte Ensino Fundamental e Médio
Estado de Educação de Minas Gerais, 2006.
PIMENTEL, Lúcia Gouveia. Limites em Expansão: Belo Horizonte: C/Arte, 1999.
Autoras:
BARROS, Niara Barbosa. - Formada em Pedagogia pela Fundação Educacional Nordeste
Mineiro em Teófilo Otoni/MG, Pós-graduada em Adolescência e Relações de Gênero com
ênfase em Educação Afetivo-Sexual pela Newton Paiva, Pós-graduanda em Especialização
em Ensino de Artes Visuais pela EBA/ UFMG.
ANJOS, Cláudia Regina - Graduada em Licenciatura em Desenho e Plástica pela Fundação
Mineira de Arte Aleijadinho (1992), especialista em Arte/Educação, pelo CEPEMG. Mestra
em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2008). Professora
pesquisadora da Universidade Aberta do Brasil pela Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais e professora da EJA da Rede Municipal de Ensino de Belo
Horizonte. Atualmente é presidente da Associação Mineira de Arte/Educadores (2009/2012).
. Belo Horizonte: Secretaria de