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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O ENSINO DE ARTES VISUAIS, CONTEPORANEAMENTE...

Acabando de ler...
Jornal ESTADO DE MINAS...

FERNANDO BRANT
OS MENINOS E JUAN MIRÓ

Cantando e contando histórias vai-se construindo uma possibilidade de criação de melhores cidadãos
As crianças de 5 anos aprendem na escola a magia do traço de Juan Miró. São pequenas, mas falam com uma desenvoltura admirável sobre o que aprenderam. As características essenciais da pintura surrealista contrastando com o olhar real de outro artista, que retrata animais e objetos que todos conhecem. A simples percepção da diferença de foco já é um achado.

A sensibilidade menina percebe a estrela sempre presente nas obras do pintor catalão. E vê que as pessoas que ele traça na tela são desconstruídas, misturadas, todos os pedaços lá estão, mas de forma desorganizada, diferente.

Agora, eles vão tentar reproduzir o que aprenderam. E vários Mirós surgem na sala, felizes. Pais e avós, orgulhosos, sorriem pelos olhos e pelas bocas. A arte educa. Um dos caminhos é a música. E como a meninada gosta de cantar. Há, há alguns anos, movimento de criação de canções de qualidade para eles. De várias cidades do país chegam melodias e letras para a garotada, superiores ao que é oferecido aos adultos nos meios de comunicação de massa.

Cantando e contando histórias vai-se construindo uma possibilidade de criação de melhores cidadãos. Pelos que estão no meu raio de influência, procuro fazer a minha parte.

O desenho é outra vereda para se atiçar a sensibilidade dos pequenos. Eles movem suas mãos conduzindo lápis, giz e pincéis, e preenchem o vazio do papel de acordo com seu controle motor, sua personalidade e imaginação.

Muitas escolas, hoje, não querem repetir o erro cometido contra os que são pais e avós agora. Os meninos vinham da infância cheios de vontade de invenção e eram jogados em um ensino formal, que lhes tirava toda sede de criar.

As aulas de desenho que tive no colégio fizeram com que odiasse aquela matéria. Professor é essencial, mas é uma profissão que pode abrir ou fechar, encaminhar ou desviar o rumo de seus alunos.

Mas o que sinto nesta escola que visito sempre é que se usam arte e a beleza para fazer a criançada crescer. A educação tem de ser um jogo agradável, um despertar para o conhecimento. E quando se dança, se canta, se pinta e se brinca. Quando há sensibilidade nos mestres, pois são mestres essas moças que cuidam dos primeiros passos dos que amamos, toda esperança e otimismo têm razão de ser.

Os desenhos desses meninos me lembram o que nunca mais consegui fazer. Admiro a inocência e a coragem implícita que eles têm de se aventurar entre rabiscos que se tornam coisas belas. Dou um beijo na menina que me fez vir a esse encontro e saio pela rua inundado de felicidade.
Estado de Minas/Caderno de Cultura-pág.10/14dez2011

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O PROFESSOR/PESQUISADOR/ARTISTA - O PERFIL DO PROFESSOR DE ENSINO DE ARTES VISUAIS

 NOVAS TERRITORIALIDADES E IDENTIDADES CULTURAIS: O ENSINO DE ARTE E AS TECNOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS

Lucia Gouvêa Pimentel - UFMG

Resumo
O artista tem como uma de suas prerrogativas ser errante de ideias e processos. O ensino tem por norma ser uma forma sistematizada, sob o controle de um professor. O pesquisador tem por obrigação ir a fundo nas questões que investiga. Ser artista/professor/pesquisador exige investimento constante em cada uma dessas ações. Tendo como premissa que para ser professor de Arte é necessário ter uma prática artística e atividade de pesquisa, o trabalho de formação desse professor reveste-se de complexidade e importância redobradas. Questões como identidade cultural e adequação de escolha de trabalho com determinados artistas locais, regionais, nacionais ou internacionais são importantes para o alinhamento que se propõe no ensino de Arte ao mundo contemporâneo.
Palavras-chave: Ensino de Arte; Cultura, Tecnologias Contemporâneas.

Abstract
One of the prerogatives of the artist is to be nomadic with respect to ideas and processes. Teaching normally complies with a systematic standard, under the teacher's control. The researcher has to delve deep into the questions being investigated. To be an artist/teacher/researcher requires constant investment in each of those activities. Because, in order to be an art teacher it is necessary to practise art and carry out research, the job of training art teachers assumes redoubled complexity and importance. Questions about cultural identity and making good choices with respect to working with particular artists, whether local, regional, national or international, are important for aligning what is proposed in art teaching with the contemporary world.
Key Words: Art teaching; Culture; Contemporary technologies.

Artista/professor/pesquisador

A dinâmica da produção artística refere-se a reflexos e incitações do pensamento humano, que se transmutam em formas, sons, cores, movimentos, gestos etc. E a arte contemporânea é, ao mesmo tempo, condescendência e contradição; apaziguamento e conflito; paridade e incongruência. O artista tem como uma de suas prerrogativas ser errante (nômade) de ideias e processos. O ensino tem por norma ser uma forma sistematizada, sob o controle de um professor. O pesquisador tem por obrigação ir a fundo nas questões que investiga.

As fontes de fruição, contextualização e experimento artístico são, em primeira instância, uma escolha dialogal entre: professores de Arte, escola e alunos em seus respectivos locais de trabalho. Há que se considerar que a provocação da experiência estética tem que incluir não só artes curatorialmente reconhecidas (de suma importância), como também são igualmente relevantes o artesanato, a arte popular, a arte de mídia eletrônica e outras. A tecnologia digital propicia novas formas de pensar e fazer arte. Para que isso aconteça, os alunos precisam entender a natureza dos instrumentos de arte e os meios de escolha.

As ações de artista, professor e pesquisador se formam não somente nos cursos universitários, mas também na prática diária de sala de aula, desde que o professor planeje e teorize sua prática. É preciso que o professor considere que teoria não é só o que os outros autores dizem ou escrevem, mas também o que ele próprio pensa sobre sua prática, discute e registra, revendo e renovando constantemente. Aliás, o registro e a divulgação da prática do professor são pontos importantíssimos para o avanço da construção de conhecimentos na área de ensino de Arte.

Novas territorialidades e identidade cultural

É possível falar em identidade cultural quando nos referimos à arte? Como pontuar a identidade de uma cultura?
Essas são perguntas que nos fazemos ao lidar com crianças e jovens de diferentes heranças culturais nas aulas de Arte.
As fontes de fruição, contextualização e experimento artístico são, em primeira instância, uma escolha dialogal entre: professores de Arte, escola e alunos em seus respectivos locais de trabalho.

O que pode ser proposto são referências para o balizamento dessas escolhas, a partir do momento em que os conhecimentos escolares nos proporcionam uma trajetória com vias amplamente abertas para que se possa percorrer, de acordo com o que se deseja alcançar com o ensino/aprendizagem de arte.

Nossa responsabilidade frente às nossas escolhas não se restringe a um processo educacional localizado apenas na sala de aula ou no contato escolar. Ela refletirá nossas próprias concepções enquanto indivíduos culturais e, portanto, políticos. 767
Os significados e os padrões culturais do cotidiano não são suficientes para garantir o aprendizado dos estudantes e ampliar seus horizontes. Propostas ou referenciais curriculares são necessários, mas por si só não são suficientes para o desenvolvimento de um projeto educacional que pretenda a formação integral do educando. Em arte, há necessidade de ampliarmos, em nossos alunos, o âmbito e a qualidade da experiência estética.

Isso significa que existe uma interlocução entre as propostas de construção elaboradas pelo educador e o respeito ao conhecimento trazido pelo aluno. A experiência estética já é desfrutada pelo indivíduo antes que ele entre para a escola.

Sendo a arte parte integrante da cultura, sua incorporação nas escolas é uma das estratégias mais poderosas para a construção de uma cidadania multicultural, já que facilita o conhecimento e o desfrute das expressões artísticas de diferentes culturas, o que submerge os alunos no reconhecimento e respeito à diversidade cultural e pessoal.

A vivência de experiências estéticas significativas depende de intencionalidade responsável, tanto na legitimação dos propósitos quanto na clareza do que se pretende avaliar ao final do tempo de trabalho.

É importante destacar o papel do ensino de arte na informação de suas premissas e valores, mas tão importante quanto é destacar esse ensino na construção da personalidade e valores do próprio sujeito aprendente. A arte deixa, pois, de ser uma ferramenta educacional para ser um motivo de vida e de exercício de cidadania.

É preciso pensarmos e agirmos em estratégias que contemplem a complexidade da arte/educação tanto em relação ao artista/professor/pesquisador que aprende enquanto ensina, quanto em relação ao educando, que constrói conhecimentos e vida cultural e pessoal nessa relação. As formas têm que ser múltiplas e criativas.

Fica a responsabilidade na formação de professores de Arte que sejam aptos a colaborar na tarefa de transformar o conjunto de conhecimentos e experiências em algo apreendido e aprendido como valor. Professores/artistas que sejam capazes de criar, produzir, pesquisar, teorizar, educar, provocar, refletir, construir trajetórias e aceitar desvios.

O ensino de Arte pode promover a valorização social da formação artística, em seus diferentes enfoques, níveis e modalidades, como campo específico de conhecimento que constitui e desenvolve a sensibilidade e a capacidade de criação dos povos, baseada na memória e renovação do patrimônio natural e cultural, assim como no reconhecimento da diversidade cultural.

Contamos com um rico patrimônio natural e cultural tangível e intangível que precisa ser respeitado e preservado em movimentos constantes e dinâmicos de ação. Cabe aos sistemas educativos propiciar acesso a esses bens culturais, de forma que novas formas de educação, novas estratégias e ações criem condições para a construção do presente e do futuro. É uma ação política que necessita de todos os envolvidos para ser levada a cabo.

Aprendizagens e saberes

Como área de conhecimento, Arte está ligada ao pensamento complexo, que, ao mesmo tempo que aciona os níveis mentais e sensitivos mais simples, elabora conexões e interrelações em todos os níveis, de forma muitas vezes não linear.

Os estudos recentes na área da aprendizagem têm demonstrado que várias são as formas de aprender. A aprendizagem, também, não é um fato individual, mas se realiza no coletivo, horizontal e verticalmente. Isso quer dizer que vários são os fatores que contribuem – ou não – para que uma criança aprenda. E esses fatores são das mais variadas ordens e a escola é o espaço instituído pela sociedade para sistematizar determinadas aprendizagens.

Contemporaneamente, estudos já demonstram que os estágios de desenvolvimento da criança, antes taxados como espontâneos, padronizados e de responsabilidade individual, acontecem de forma integrada com as aprendizagens a que ela está submetida. Isso muda o foco da questão, passando-a da condição individual para a condição coletiva. E mais: só acontece a aprendizagem quando há criação de sentido, isto é, quando a informação for significativamente consistente para que ganhe significância para a criança.

Repetir ou treinar habilidades que nada significam para o aluno não promove, portanto, aprendizagem. Há estudos que comprovam que o espaço para a imaginação é o espaço mais propício para construção de conhecimentos. A teoria da Cognição Imaginativa ganha cada vez mais força na área da aprendizagem.

O ensino de arte, nos dias de hoje, não pode se abster do uso de tecnologias contemporâneas, quer seja na produção artística, quer seja nos estudos sobre arte. Desde a fase de registro escrito ou imagético, o uso de tecnologias participa da vida do artista/professor/pesquisador, mesmo que seja apenas como ferramenta. Já na fase de divulgação, a ferramenta pode vir a ser um instrumento de criação. A divulgação, tanto da produção quanto dos estudos, deve fazer parte integrante do processo de ensino, uma vez que é através dela que esse processo se dinamiza e reinicia constantemente.

A tecnologia digital propicia novas formas de pensar e fazer arte. Para que isso aconteça, os alunos precisam entender a natureza dos instrumentos de arte e os meios de escolha. Isso significa que é importante que façam exercícios para conhecer programas de tratamento de imagem, por exemplo, mas é essencial que pensem seu trabalho como sua própria produção artística, e não somente usem os recursos desses programas aleatoriamente.

Ao trabalhar com arte digital, algumas considerações devem ser feitas. É necessário pensar até que ponto é o equipamento que determina os resultados conseguidos e até que ponto esse resultado é o pensamento artístico do autor da obra. Também é necessário pensar se o uso do equipamento é a melhor escolha em relação aos meios de criação. Muitas vezes, o uso de técnicas tradicionais aliadas aos meios digitais é a melhor saída para a elaboração de uma obra.

É fundamental, portanto, no ensino de arte contemporâneo, que os alunos, através de pesquisas, observações, análises e críticas, possam conhecer e analisar os processos:
• dos produtores de arte - artistas;
• dos seus produtos - obras de arte;
• dos difusores tecnológicos da produção artística;
• dos públicos apreciadores de arte no âmbito da multiculturalidade.

Referências
BARBOSA, Ana Mae. Dilemas da Arte/Educação como Mediação Cultural em Namoro com as Tecnologias Contemporâneas. IN: BARBOSA, Ana Mae (org.). Arte Educação Contemporânea: Consonâncias Internacionais. São Paulo: Cortez, 2005.
BARBOSA, Ana Mae. Artes Visuais: da exposição à sala de aula. São Paulo: EDUSP, 2006.
BARBOSA, Ana Mae. Tópicos Utópicos. Belo Horizonte: C/Arte, 1998.
BOUGHTON, Doug. Avaliação: da teoria à prática. (IN) BARBOSA, Ana Mae. Arte/Educação Contemporânea: consonâncias internacionais. São Paulo: Cortez, 2005.
LANIER, Vincent. Devolvendo Arte à Arte-Educação. IN: BARBOSA, Ana Mae. (org). Arte-Educação: Leitura no Subsolo. São Paulo, Cortez, 2002.
MATURANA, Humberto. Emoções e Linguagem na Educação e na Política. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.
MEIRA, Marly. Filosofia da Criação: reflexões sobre o sentido do sensível. Porto Alegre: Mediação, 2003.
MOREIRA, Antônio Flávio. A importância do conhecimento escolar em propostas curriculares alternativas. IN: Universidade Federal de Minas Gerais/ Faculdade de Educação. Educação em revista. n 45, jun. 2007. Belo Horizonte: FAE/UFMG.
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS IBEROAMERICANOS. Pressupostos 2007-2008. Madrid: OEI, 2007.
PIMENTEL, L. Gouvêa. Tecnologias Contemporâneas e o Ensino da Arte. IN: BARBOSA, Ana Mae. (org). Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte. São Paulo: Cortez, 2003.
PIMENTEL, Lúcia Gouvêa. Arte e Ciência. Presença Pedagógica, Porto Alegre, v. 12, n. 67, p. 78-80, Jan./Fev. 2006.
PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE – SECRETARIA DE EDUCAÇÃO. Desafios de ensinar e aprender: referenciais curriculares para a educação fundamental. CDRom, 2007.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: Técnica e tempo. Razão e emoção. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002.
SOUCY, Donald. Não Existe expressão sem Conteúdo. . IN: BARBOSA, Ana Mae (org.). Arte Educação Contemporânea: Consonâncias Internacionais. São Paulo: Cortez, 2005.

Lucia Gouvêa Pimentel
Professora Titular da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (EBA/UFMG). Doutora em Artes-Arte/Educação (ECA/USP). Membro da AMARTE, ANPAP, FAEB, do CLEA, do Conselho Mundial da InSEA e do Comitê de Especialistas da OEI. Atua nas áreas de ensino de arte e tecnologias contemporâneas, gravura, formação de professores, currículo e metodologias de avaliação em arte e projetos culturais.

sábado, 3 de dezembro de 2011

INTERFACES COM ARTISTAS LOCAIS

O ensino de Arte na escola: interfaces com as artistas locais
La educación artística en la escuela: la interfaz con los artistas locales
BARROS, N.B
Acadêmica do curso de Especialização em Artes Visuais/EBA/UFMG
ANJOS, C.R
Professora orientadora do Curso de Especialização em Artes Visuais/EBA/UFMG
Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais – EBA/UFMG - Brasil

RESUMO
O texto “O ensino de Arte na escola: interfaces com as artistas locais” é parte da monografia
que será apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ensino de Artes Visuais/EAD
realizado pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, em agosto
de 2009. A investigação teve como objetivo identificar, descrever e compreender como se dá
a aproximação da produção artística local com o ensino da Arte, especificamente, com os
alunos do nono ano de uma escola da rede estadual de educação da cidade de Araçuaí, a
partir das definições, pressupostos e indicações pedagógicas presentes na LDBEN 9394/96
e da Proposta Curricular do Estado de Minas Gerais. Buscou, assim, aprofundar o
entendimento da escola quanto à inserção do trabalho das artistas locais nas práticas
cotidianas da mesma. A metodologia usada foi o estudo de caso, no qual foram feitas
observações das práticas cotidianas de ensino da Arte, bem como entrevistas semiestruturadas
com duas artistas, com estudantes e com o professor de Arte. Os resultados da
pesquisa evidenciam que a escola tem avançado muito lentamente nessa concepção,
principalmente no que se refere apropriação da produção artística local como conteúdo de
estudo da disciplina.
RESUMEN
El texto "La educación artística en la escuela: la interfaz con los artistas locales, es parte de
la monografía se presentará a la Post-graduado de la Escuela de Artes Visuales / EAD
llevada a cabo por la Escuela de Bellas Artes de la Universidad Federal de Minas Gerais en
agosto de 2009. La investigación tuvo como objetivo identificar, describir y comprender cómo
el enfoque de la producción artística local com la educación de arte, específicamente con los
estudiantes de noveno grado en una escuela en el sistema estatal de educación en la ciudad
de Araçuaí de las definiciones , los supuestos y las indicaciones pedagógicas presentes en
LDBEN 9394/96 y la estructura propuesta para el Estado de Minas Gerais. Buscamos tanto,
profundizar en la comprensión de la escuela y la inserción de la obra de los artistas locales
en las prácticas cotidianas de la misma. La metodología utilizada fue un estudio de caso en
el que se realizaron observaciones de las prácticas cotidianas de la enseñanza del arte, así
como entrevistas semi-estructuradas con los dos artistas, con los estudiantes y el profesor
de Arte. Los resultados del estudio muestran que la escuela se ha movido muy lentamente
en este punto de vista, especialmente con respecto a la propiedad de la producción artística
y el estudio de contenido local de la disciplina.
Palavras-chave: arte, educação, ensino e cultura.
Palabras-claves: arte, educación, educación y cultura.
Este artigo consiste de reflexões que foram se constituindo ao longo da nossa
prática pedagógica e, conseqüentemente, durante o curso de Pós-graduação em
Ensino de Artes Visuais, modalidade a Distância, realizado pela Escola de Belas
Artes da Universidade Federal de Minas Gerais – EBA/UFMG, especialmente da
primeira autora com o ensino de arte e que nos estimularam a buscar uma
compreensão mais situada deste campo de conhecimento numa escola da rede
estadual da cidade de Araçuaí- MG.
Algumas indagações serviram de ponto de partida: as práticas pedagógicas,
especificamente, o ensino de Arte está dialogando com a produção artística local?
Por que a escola não utiliza como material didático a produção artística local? Por
que os estudantes não conhecem a produção artística da região onde vivem? Como
está o ensino de Arte na Escola Estadual Dom José de Haas a partir da LDBEN
9394/96? Em que a Proposta Curricular do Estado de Minas Gerais está contribuindo
para o ensino da arte?
Para problematizar e responder a essas questões foram revistas as várias e
permanentes discussões acerca do ensino da arte no Brasil e, principalmente, na
Rede estadual de ensino de Minas Gerais a LDBEN 9394/96 é, sem dúvida, um
marco significativo na História da Arte/Educação e, mais especificamente, no ensino
da arte, porque estabelece tal disciplina como componente obrigatório da educação
básica. Da mesma forma a Proposta Curricular do Estado de Minas Gerais/Arte/
2006 porque considera a arte como uma área de conhecimento com especificidades
e elementos próprios em sua constituição.
A necessária delimitação de um problema de investigação nos levou a um
recorte desse ensino da arte numa escola da rede estadual de ensino/MG/Araçuaí.
Teve como objetivo compreender como se dá a aproximação da cultura local,
especificamente o artesanato, com o ensino de Arte na Escola Estadual Dom José
de Haas, bem como com os estudantes da referida escola. Especificamente, o tipo
de apropriação que os professores de Arte têm da arte local, em especial o
artesanato, como área do conhecimento na formação estética e crítica dos alunos;
como os estudantes desenvolvem suas habilidades artísticas e como as relacionam
com as produções dos artistas locais, bem como as produções de seus colegas e
seus respectivos interesses em conhecer a história de vida dos artesãos da região e
a valorização do artesanato do Vale do Jequitinhonha.
A pesquisa foi de natureza qualitativa, configurando-se em um Estudo de
Caso desenvolvido em uma escola de rede estadual de ensino, na cidade de
Araçuaí. A escola escolhida foi a Escola Estadual Dom José de Haas por conter um
alunado bastante diversificado, oriundo de áreas periféricas e da zona rural que
convive com as mais variadas situações da vida cotidiana. As técnicas utilizadas
foram: levantamento bibliográfico permanente, tomando como referência central
Pimentel (1999) que favoreceu maior entendimento da relação professor/aluno no
processo de ensinar e aprender arte, quando diz:
ensinar e aprender arte não é um processo de mão única. Depende da
participação efetiva de professores e alunos. Ambos têm conhecimento e
experiência no assunto e experiência de vida, isto é, aprendizagem
institucional (1999, p. 41).
Além disso, entrevistas semi-estruturadas, observação sistemática do
cotidiano da escola; observação participante; coleta de depoimentos orais e pesquisa
documental junto ao acervo da Escola e de outras fontes.
Por conta da limitação de espaço, neste artigo privilegiamos os depoimentos
das artistas locais, dos estudantes e do professor de Arte da escola pesquisada, em
que pese o texto completo da pesquisa abranger outras atividades relativas a esta
disciplina.
Desenvolvimento
Este estudo visou refletir sobre o significado sócio-cultural da Arte no contexto
escolar, no sentido de ampliar a percepção, a imaginação e a capacidade de
expressão dos estudantes da Escola Estadual Dom José de Haas e, também sobre a
contribuição para o crescimento pessoal, experiência lúdica e humanizadora e,
sobretudo, para a construção do conhecimento, interpretação, expressão artística e
transformação da realidade.
Para isso, necessário se fez buscar elementos na expressividade da
população da região, sobretudo, dos artistas e da produção artística. Para mais
adiante, dialogarmos com o ensino de Arte na escola.
No Vale do Jequitinhonha, a cultura é manifestada de várias formas, por meio
da música, teatro, festas religiosas, dentre outras. Porém, a manifestação cultural
mais forte, que traduz com fidelidade a resistência e a luta de um povo é o barro e a
madeira é possível sustentar a vida que está expressa no artesanato. É o berço de
vários artesãos como Lira Marques, Zefa, Adão, D. Isabel, dentre outros,
reconhecidos mundialmente.
Em depoimento, D. Lira e D. Zefa verbalizaram, entre outras, sobre suas
produções, bem como de suas impressões sobre o ensino de Arte nas escolas de
Araçuaí e o reconhecimento de seus trabalhos na região onde vivem e produzem.
A partir do depoimento D. Zefa, pudemos constatar que existe um preconceito
muito grande em relação ao que o pobre e o negro, bem como em sua produção.
Isso fica evidente na fala da artista, quando revela que
o que eu faço, as peças que crio, fossem produzidas por pessoas de posse,
com certeza estariam numa condição bem melhor do que a minha e sua
arte reconhecida e valorizada (Entrevista realizada em 26/04/2009).
Já no depoimento de D. Lira, ficou evidenciado que a sua arte é muito
reconhecida pelas pessoas de fora, mas desvalorizada pelo povo de sua região,
principalmente do seu município. Afirmou também que essa desvalorização está
relacionada à falta de reconhecimento do seu trabalho, como arte.
No entanto, pudemos verificar que essas artistas são conhecidas e
reconhecidas nacionalmente e, até mesmo, internacionalmente pela grandiosidade
da sua arte. Embora não tenham atingido o reconhecimento por parte da
comunidade local, elas atribuem aos educadores em geral a responsabilidade de
fazer da escola um espaço de preservação da cultura, proporcionando aos
estudantes o contato com as mais variadas manifestações culturais.
Sobre isso, percebemos que não existe, ainda, por parte das escolas, dos
professores de Arte e, menos ainda, por parte de professores de outras áreas do
currículo escolar, o conhecimento e reconhecimento enquanto expressão de um
povo. Apesar das indicações da legislação em vigor, LDBEN 9394/96, e as
proposições curriculares oficiais, PCN/Arte (1998), PCMG/Arte (2004) e o CBC/Arte
(2005) para esse ensino, de forma a conhecer, considerar e interpretar as
expressões artísticas regionais, nacionais e internacionais e a partir da reflexão,
contextualização e do fazer artístico ampliar o repertório visual do estudante. Estas
indicações, de acordo com nossa interpretação, estão presentes nos elementos de
composição das obras de artes visuais – escultura, modelagem e pintura que fazem
parte do Eixo Temático I “Conhecimento e expressão em Artes Visuais” do CBC
(Conteúdo Básico Comum) em Arte do Ensino Fundamental do 6º ao 9º anos.
Na entrevista realizada com os estudantes da referida escola, percebemos um
desconhecimento, de um modo geral, da vida e obra dos artistas de Araçuaí embora
esses jovens reconheçam o valor da arte, pois sabem que com ela, eles se
aproximam de saberes culturais, reconhecem suas raízes, além de desenvolver
conhecimentos estéticos e artísticos, competências e habilidades como define as
Proposições Curriculares do Estado de Minas Gerais/Arte:
arte é a oportunidade de uma pessoa explorar, construir e aumentar seu
conhecimento, desenvolver suas habilidades, articular e realizar trabalhos
estéticos e explorar seus sentimentos. O ensino de arte deve possibilitar a
todos os alunos a construção de conhecimentos que interajam com sua
emoção, através do pensar, apreciar e do fazer arte (2008, p.12).
No entanto, percebemos que esses alunos manifestaram interesses em
conhecer as obras de Lira e Zefa, ou mesmo de outros artesãos locais, e mais, que
essas obras sejam tomadas como objeto de estudo.
Já com o professor de Arte da turma investigada, pudemos perceber que sua
prática é fundamentada no que define o CBC de Arte para os anos finais do ensino
fundamental; porém, a parte prática, no que diz respeito à utilização do artesanato
local como objeto de estudo, fica restrito a material teórico e de áudio, o que foi
justificado pelo mesmo, a falta, na maioria das vezes, de adequação dos materiais
pela escola.
Considerações finais
Embora muitos traços do passado tenham se extinguido com a globalização,
presenciamos os artesãos que relutam contra as intempéries do tempo e que
continuam preservando sua arte, manifestada especificamente no artesanato, que
não perdeu sua majestade, pois continua muito rico e diversificado como grande
destaque da riqueza cultural do Vale do Jequitinhonha.
Apesar da falta de acesso a produção artística da região, os estudantes
demonstram a vontade e necessidade de conhecê-la, e avaliam que a escola seria
um veículo em potencial para isso.
Em relação à escola, percebemos que falta uma apropriação maior da arte da
região, principalmente pelas indicações pedagógicas contemporâneas que requer um
ensino mais voltado para realidade de seus atores.
Diante dos fatos observados, percebemos, também, a importância e
necessidade da escola em replanejar sua proposta curricular na busca da
valorização da arte como forma de crescimento pessoal e social dos alunos. Além de
aprender a produzir e apreciar trabalhos de arte é importante que os alunos
aprendam a valorizar a produção artística de diversos grupos sociais e que essa
aprendizagem seja iniciada com os artistas locais, com respeito às suas origens,
preservando essas manifestações artísticas para que possam perpetuar no tempo e
não acabem fazendo parte somente de acervo literário, virando história.
Em que pese os avanços e movimentos realizados pela escola para significar
os conteúdos escolares, ainda há uma distância grande para considerar o potencial e
a qualidade do trabalho das artesãs locais e a utilização da matéria prima disponível
na região como conteúdo a ser desenvolvida nas aulas de Arte.
Referências
BRASIL. Lei n. 9394/96 – 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte,
1998.
PIMENTEL, Lúcia Gouveia, CUNHA, Evandro José Lemos da, MOURA, José Adolfo.
Proposta Curricular CBC Arte Ensino Fundamental e Médio
Estado de Educação de Minas Gerais, 2006.
PIMENTEL, Lúcia Gouveia. Limites em Expansão: Belo Horizonte: C/Arte, 1999.
Autoras:
BARROS, Niara Barbosa. - Formada em Pedagogia pela Fundação Educacional Nordeste
Mineiro em Teófilo Otoni/MG, Pós-graduada em Adolescência e Relações de Gênero com
ênfase em Educação Afetivo-Sexual pela Newton Paiva, Pós-graduanda em Especialização
em Ensino de Artes Visuais pela EBA/ UFMG.
ANJOS, Cláudia Regina - Graduada em Licenciatura em Desenho e Plástica pela Fundação
Mineira de Arte Aleijadinho (1992), especialista em Arte/Educação, pelo CEPEMG. Mestra
em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2008). Professora
pesquisadora da Universidade Aberta do Brasil pela Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais e professora da EJA da Rede Municipal de Ensino de Belo
Horizonte. Atualmente é presidente da Associação Mineira de Arte/Educadores (2009/2012).
. Belo Horizonte: Secretaria de

PLANEJAMENTO 2012 E OS ARTISTAS DE MINAS EM SALA DE AULA

É chegado o momento de todos os professores já encaminharem o planejamento 2012!

E a disciplina curricular ARTE, ARTES VISUAIS?

São inúmeras possibilidades, como trabalhá-la? Como organizar o processo de ensino/aprendizagem? Quais modalidades organizativas: plano de aula? sequência didática? atividade permanente? projeto? Qual conteúdo? Como inserir os ARTISTAS DE MINAS EM SALA DE AULA?  Por onde começar?

Estabeleceremos um longo e largo diálogo nas próximas postagens, tendo em vista o PLANEJAMENTO 2012!

Inicialmente, pensemos nos nossos propósitos, o que pretendemos ensinar, o que esperamos que nossos alunos aprendam? Lembrando que objetivo é o que se espera que a turma aprenda em determinadas condições de ensino. É ele que orienta quais conteúdos devem ser trabalhados e quais encaminhamentos didáticos são necessários para que isso ocorra.
Conteúdo é o conjunto de valores, conhecimentos, habilidades e atitudes que o professor deve ensinar para garantir o desenvolvimento e a socialização do estudante.
Pode ser classificado como
conceitual (que envolve a abordagem de conceitos, fatos e princípios),
procedimental (saber fazer) e
atitudinal (saber ser).
E conceito é a definição de um determinado termo. Um exemplo: se o objetivo é o aluno identificar o que é um desenho no contexto das demais manifestações visuais, o professor deve apresentar, conforme o ano/a série, como conteúdo as diversas manifestações (audio) visuais (desenho, pintura, gravura, cestaria, tapeçaria, fotografia, vídeo, instalação etc), situar o conceito de desenho- como conhecimento artístico e estético - e explicar o aspecto que o diferencia das demais manifestações visuais. Observe que é preciso definir primeiro os objetivos de ensino e aprendizagem para depois selecionar e organizar os conteúdos.

Isso posto, estabeleçamos os objetivos de ensino e aprendizagem de cada série/ano da Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II, Ensino Médio.prender a aprender, formar o hábito de pensar, investigar, pesquisar, habilitar-se a trabalhar de acordo com os critérios da ciência, desenvolver o espírito crítico e a criatividade são atualmente exigências às quais o sistema educacional necessita atender.

Mas desde já estejamos atentos ao fato de que a capacidade de assimilação de conteúdos e de acumulação de conhecimentos não é suficiente para a busca de soluções dos complexos problemas do mundo em que vivemos.  A atividade pedagógica “de ponta” visa estimular o espírito de busca e ensinar a construir o conhecimento. De todos, pesquisadores, profissionais, educadores e educandos, em gradações distintas, são exigidas aptidões para colocar e resolver problemas e o aprendizado de princípios e regras que organizem o conhecimento.

O trabalho com projetos no ambiente escolar permite inovar a dinâmica de ensino-aprendizagem na condução de temas de interesse da comunidade escolar

OS EIXOS TEMÁTICOS E A INTEGRAÇÃO DOS CONHECIMENTOS

Os projetos temáticos possibilitam uma generalização da aprendizagem ou globalização do conhecimento, essencialmente a possibilidade de se chegar a um conhecimento relacional entre as diversas disciplinas e informações disponíveis, bem como entre o conhecimento e os fatos da experiência cotidiana. Essa orientação já se encontra inserida na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei no 9394/96) e nos Referenciais Curriculares Nacionais bem como nos Parâmetros Curriculares Nacionais, que enfatizam a superação da organização curricular por disciplinas estanques, recomendando a integração e a articulação dos conhecimentos. (BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 1999). Essa prática se viabilizaria por meio de dois conceitos fundamentais, ressaltados pelos RCNs e PCNs: interdisciplinaridade e contextualização.

A interdisciplinaridade ressalta o caráter multifacetado da realidade e a natureza multidisciplinar dos problemas e dos saberes. Por isso, pressupõe a troca e a cooperação entre as disciplinas, de forma a evitar a fragmentação e compartimentação das diferentes áreas do saber. Caracteriza-se por um diálogo permanente entre as disciplinas e por gerar uma atitude mais aberta com relação às contribuições oriundas de outros grupos sociais.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

III COLÓQUIO INTERNACIONAL EDUCAÇÃO E VISUALIDADES: INCÔMODOS

Nos dias 01 e 02 de dezembro, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Campus de João Pessoa, acontecerá o III Colóquio Internacional Educação e Visualidades: Incômodos.

O evento tem como objetivo congregar pesquisadores de várias partes do país e do exterior para trocar experiências, ter acesso a perspectivas inovadoras sobre os temas e suas tecnologias e aperfeiçoar o trabalho em redes e grupos de trabalho. O público preferencial, formado por estudantes e professores da área de Artes Visuais e profissionais de áreas afins, poderá acompanhar as reflexões e participar dos debates.

Fechando as malas e embarcando daqui a pouco!

sábado, 26 de novembro de 2011

DA EXPOSIÇÃO À SALA DE AULA: 2a MOSTRA DE ARTE SACRA RECUPERADA

Entre os dias 18 de novembro e 1º de dezembro, a Rodoviária de Belo Horizonte recebe a 2ª Mostra de Arte Sacra Recuperada. O acervo é composto por peças sacras dos séculos 19 e 20, que foram apreendidas em decorrência do cometimento de crimes contra o patrimônio e que estavam guardadas em um galpão da Seção de Bens Apreendidos da Polícia Civil por mais de uma década. A mostra é uma iniciativa do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha/MG) e a Arquidiocese de Belo Horizonte, com apoio do Ministério Público de Minas Gerais.

A rodoviária foi escolhida para abrigar a Mostra por ser um local de grande circulação de pessoas que podem auxiliar na descoberta da procedência das imagens, crucifixos, castiçais, cálices, âmbulas e patenas, turíbulos e navetas, missais, custódias, livros, medalhas e outros para que sejam devolvidos a seus locais de origem. Em junho deste ano, o Memorial da Arquidiocese de Belo Horizonte recebeu a 1ª edição da Mostra.

Segundo a Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico (CPPC/MPE), caso alguma peça seja identificada, será feito um Termo de Compromisso entre o Ministério Público e a Paróquia, que receberá a peça assumindo a responsabilidade por sua conservação e pela adoção de medidas de prevenção contra roubos e furtos.

(IEPHA)

DA EXPOSIÇÃO À SALA DE AULA: O NEGRO NA FORMAÇÃO DE VILA RICA, CULTURA E RELIGIOSIDADE

O Museu da Inconfidência abriu mostra relativa à Consciência Negra nesta sexta, dia 25 de novembro de 2011. Para celebrar o Ano Internacional da Afro-descendência, os 300 anos de elevação à Vila dos arraiais que originaram Ouro Preto e o mês da Consciência Negra, o Museu da Inconfidência inaugurou, nesta sexta-feira (25), às 20h, a mostra O Negro na Formação de Vila Rica, Cultura e Religiosidade, que permanecerá em cartaz na Sala Manoel da Costa Athaide (Rua Vereador Antônio Pereira, 33) até 29 de janeiro de 2012. Serão expostas imagens de santos e objetos ligados à cultura afro-descendente, ao sincretismo religioso e ao ofício dos negros na antiga Minas Gerais.

As peças pertencem aos Museus da Inconfidência, Histórico Nacional (RJ) e Regional de Caeté, bem como Arquidiocese de Mariana e colecionadores particulares de Minas Gerais. O espaço físico será ambientado com a imagem do retábulo da Igreja de Santa Efigênia do Alto da Cruz que, segundo a lenda, foi construída por Chico Rei e a sua tribo recém-alforriada. No ato de abertura do evento, haverá apresentações do Teatro de Bonecos Giramundo (BH), com o espetáculo Os Orixás, do Grupo Samba de Raiz (Ouro Preto) e do Congado de Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia. A visitação é gratuita.

O QUÊ: Abertura da exposição O Negro na Formação de Vila Rica, Cultura e Religiosidade
QUANDO: Dia 25 de novembro, a partir das 20h
ONDE: Apresentação do Teatro de Bonecos Giramundo (espetáculo “Os Orixás”) e do Congado de Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia no Interior do Museu da Inconfidência, a partir das 20h, e apresentação do Grupo Samba de Raiz e abertura da Mostra no Anexo I, Sala Manoel da Costa Athaide (Rua Vereador Antônio Pereira, 33).
VISITAÇÃO DA MOSTRA: Terça a domingo, das 12 às 18h, de 26 de novembro de 2011 a 29 de janeiro de 2012.
CURADORIA: Geraldo Bonifácio de Freitas, Janine Menezes y Ojeda e Maria Margareth Monteiro
MAIS INFORMAÇÕES: (31) 3551-6023, 9258-8407 e mdinc.ascom@museus.gov.br


Foto: Escultura policromada de Santa Efigênia. Acervo: Edson Xavier. 47cm x 18 cm. S/D. Fotógrafo: Aldo Araújo.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A CONTRIBUIÇÃO DE 'SITES', 'BLOGS' QUE ABORDAM A ARTE PRODUZIDA EM/SOBRE MINAS PARA AS AULAS DE ARTES VISUAIS: O CASO DO SITE "ARTE EM OURO PRETO"

O 'site' ARTE EM OURO PRETO é um projeto virtual, conduzido pela jornalista cultural Patrícia Lapertosa, nasceu da idéia despretensiosa de se reunir pinturas da bela e barroca paisagem ouropretana. Com a aquisição das primeiras telas, mostrou-se vasto o universo de artistas que captaram e ainda hoje captam a aura luminosa da cidade, ainda que envolta em névoas. Além de artistas ouro-pretanos e dos que vivem nela hoje, muitos são os que visitaram ou viveram em Ouro Preto, motivados em retratar sua particular paisagem colonial, a despeito das escolas artísticas a que estiveram vinculados.

Esses artistas e suas expressões plásticas serviram de mote para a idealização e concretização do projeto ARTE EM OURO PRETO, que se estrutura neste sítio eletrônico, segmentado em três áreas: ARTE, CULTURA e GASTRONOMIA, tendo a cidade e seu patrimônio artístico, cultural e histórico como temas recorrentes.

Em ARTE estão reunidos artistas nascidos em Ouro Preto, que nela residam ou que retratem sua paisagem, com acervo exclusivo de algumas de suas telas, perfil biográfico, textos referentes a seus trabalhos, autorais ou não, e material documental sobre suas trajetórias artísticas.

Em CULTURA são ofertados roteiros de visitas temáticas e interpretativas à cidade, a saber: Tiradentes e a Inconfidência Mineira; Aleijadinho, Ataíde e o Barroco Mineiro; e, Jacubas e Mocotós, Raízes da Culinária Mineira, em projeto que se intitula OURO PRETO 18! por remeter ao legado setecentista da cidade.

E, em GASTRONOMIA, são apresentados eventos gastronômicos realizados na cidade, especialmente, almoços promovidos pelo gourmet Marquinhos Andrade em sua oficina gastronômica “Sábados”, situada em sítio bucólico próximo a Ouro Preto.

Múltiplo, interativo e imediato, o site ARTE EM OURO PRETO pretende estimular e promover “conversas” variadas por meiro de textos postados na página inicial do site (ou em
http://arteouropreto.blogspot.com/ (sem o "em")) e a troca de informações sobre esse vasto universo, ainda que tão particularmente barroco.
OURO PRETO é uma cidade viva, plural e inquietante. Aventure-se a conhecer e descobrir tudo o que ela oferece. Mantenha-se conectado ao projeto ARTE EM OURO PRETO!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O ENSINO DE ARTE - UMA REFLEXÃO SOBRE A NECESIDADE DA FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES PARA A FORMAÇÃO ADEQUADA DOS ESTUDANTES

Por Rosa Iavelberg 
A educação em arte ganha crescente importância quando se pensa na formação necessária para uma adequada inserção social, cultural e profissional do jovem contemporâneo. Ela imprime sua marca ao demandar um sujeito da aprendizagem criador, propositor, reflexivo e inovador. Se hoje o aluno deve ser formado para enfrentar situações incertas e para resistir às imposições de velocidade e de fragmentação que caracterizam a contemporaneidade, a arte pode colaborar e muito. Na construção da identidade artística das crianças e dos jovens que frequentam as escolas, os professores têm um papel significativo. Sua colaboração é ainda maior quando sabem respeitar os modos de aprendizagem e dedicar o tempo necessário a fornecer orientações e conteúdos adequados para a formação em arte, que inclui tanto saberes universais como aqueles que se relacionam ao cotidiano do aluno.

É o professor quem promove o fazer artístico, a leitura dos objetos estéticos e a reflexão sobre a arte, de modo que o aluno possa se desenvolver como um sujeito governado por si próprio ao mesmo tempo em que interage com os símbolos da cultura. Além de debater os conteúdos específicos da área, o professor deve estar atento para o temperamento de cada aluno, observando suas ações e individualidade. Ou seja, na formação em arte o plano da subjetividade dialoga permanentemente com as informações e orientações oferecidas pelo professor. Acolher e exigir são os pólos da oscilação pendular, que representa os movimentos do professor nas orientações didáticas em arte. Dessa forma, são criadas as condições para que o aluno sinta-se bem ao manifestar seus pontos de vista e mostrar suas criações artísticas na sala de aula, além de favorecer a construção de uma imagem positiva de si mesmo como conhecedor e produtor em arte.

Assim, fazem parte do conjunto de ações desenvolvidas pelo professor nessa área: orientar os processos de criação artística oferecendo suporte técnico, acompanhando o aluno no enfrentamento dos obstáculos inerentes à criação, ajudando-o na resolução de problemas com dicas e perguntas e fazendo-o acreditar em si mesmo; propor exercícios que aprimoram a criação, informando-o sobre a História da Arte; promover a leitura, a reflexão e a construção de idéias sobre arte e ainda documentar os trabalhos e textos produzidos para análise e reflexão conjunta na sala de aula Cada imagem, cada gesto, cada som que emerge nas formas artísticas criadas em sala de aula têm grande importância, uma vez que se referem ao universo simbólico do aluno.

Portanto, exigem a atuação precisa do professor, o planejamento do tempo, a organização do espaço e a atenção aos processos de comunicação, tanto entre professor e aluno como entre os colegas de classe. Uma aprendizagem artística assim percorrida deixará marcas positivas na memória do aprendiz, um sentimento de competência para criar, interpretar objetos artísticos e refletir sobre arte sabendo situar as produções. Além disso, o aluno aprende a lidar com situações novas, inusitadas e incorpora competências e habilidades para expor publicamente suas produções e idéias com autonomia.

Isso não significa que arte promova a auto-estima num passe de mágica, pela simples afirmativa de que tudo o que o aluno faz e pensa em arte é ótimo. Cada um se sentirá confiante em relação a sua arte à medida que aprender efetivamente, atendendo aos três eixos de aprendizagem significativa: fazer, interpretar e refletir sobre arte, sabendo contextualizá-la como produção social e histórica. Dominar os processos de criação em arte, construindo um percurso cultivado, ou seja, informado pela cultura requer um professor orientador, que incentiva a produção, ensina os caminhos da criação e solicita do aluno envolvimento e constância. O apoio do professor, por sua vez, é alimentado pela sua atualização permanente, necessária para se ter familiaridade com o universo procedimental da arte.

Também as leituras de objetos artísticos, outra competência que promove a imagem positiva do aprendiz, devem ter papel destacado na sala de aula, porque além de cumprirem o papel de formação cultural, conectam a aprendizagem escolar ao patrimônio cultural. A instância de formação escolar integrada à produção social da arte é um aprendizado para a participação do jovem na sociedade. Ao atribuir e extrair significados das produções de críticos, historiadores da arte, jornalistas, artistas, filósofos, com a mediação do professor, os jovens compreendem e se situam no mundo como agentes transformadores. Nesse percurso de construção de saberes, cada aluno fará escolhas com liberdade e discernimento, o que caracteriza os processos de criação em arte e de aprendizagem autoral. Será, sim, influenciado pelas culturas, mas contará com traços propositivos e transformadores, próprios dos modos de continuar aprendendo sempre e por si, dentro e fora da escola, renovando-se em contato a diversidade de manifestações artísticas que revelam o movimento contínuo da arte e do conhecimento. A vida cultural pode (e deve) transitar pela escola. A visita a feiras e ateliês, mostras da cidade, apresentações de dança, teatro e música tem o objetivo de estabelecer a comunicação permanente entre o que se estuda e a cultura em produção, além dos estudos referentes à História da Arte.

Um aluno preparado para o futuro é aquele que acompanha seu tempo, ancorado em uma sólida formação. Nesse aspecto, a arte é, sem dúvida, uma base imprescindível por incluir as formas simbólicas que dizem respeito à humanização de todos os tempos e lugares.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOSI, Alfredo. Reflexões sobre a arte. São Paulo: Ática, 1985.
COLL, C. & MARTÍN E. & MAURI, T. & MIRAS, M. & ONRUBIA, J. & SOLÉ, I. & ZABALA, A. O Construtivismo na sala de aula. São Paulo: Ática, 1997.
FERRAZ, Maria Heloisa C. T. & FUSARI, Maria F. R. Arte na educação escolar. São Paulo: Cortez, 1992.
FERNANDO, Hernandez & VENTURA, M. A organização do currículo por projetos de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 1998.
IAVELBERG, Rosa. Para gostar de aprender Arte: sala de aula e formação de professores. Porto Alegre: Artmed, 2003.
________________. Material didático como meio de formação – criação e utilização. In: Educação com arte/série Idéias 31. São Paulo: FDE, 2004.
Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, MEC/SEF, 1997.
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.


Rosa Iavelberg é doutora em Arte-Educação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP). Coordenou e elaborou os Parâmetros Nacionais Curriculares do Ensino Fundamental de 1a a 4a séries.